terça-feira, 20 de outubro de 2009

TERREMOTOS NO SER!!!




Saudade que dói na alma
que causa terremotos no Ser
que traz o mar aos olhos
que me lança na dor da solidão
nos abismos da alma
que dor é essa que não tem lugar físico
mas que toma todos os cantos do Ser
que dor é essa que dilacera, que agoniza, que mata
uma dor que não se mostra, ocultando seu percursso
sem mostrar o início, sem ter final
onde carrega consigo as lágrimas que não conseguem conter-se
insistindo em nascer na alma
descer dos olhos e morrer no coração
 inundando-o
formando um lago que não cessa de crescer
e não deixa de formar ondas em cada sístole e diástole
um lago onde nunca fica tranquilo nem sereno
uma dor física-existencial-ontológica
que me mostra a crueza dos sentimentos mais vis
que humanidade desumana.

(escrito numa madrugada triste...)

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

A formação do filósofo no livro VI da República de Platão.



No livro VI do livro “A República” de Platão, a discussão é sobre a formação do filósofo. Qual definição dar para esse filósofo que vai governar a cidade?



No livro Platão pela boca de Sócrates, dá uma primeira definição do filósofo: “Uma vez que os filósofos são aqueles que são capazes de atingir aquilo o que se mantém sempre do mesmo modo.” Isto é, a Idéia, está no plano das Idéias, aquilo que não pode ser corrompido. O filósofo busca o que é em si, o não filósofo busca a opinião, a dóxa. O filósofo é aquele que tem acuidade para perceber e saber o que é sempre do mesmo modo, ou seja, a Idéia, aquilo que não se corrompe. A República é uma Sofocracia, governo da Sabedoria, governada pelo filósofo. Uma hierarquia do inteligível sobre o sensível.


Aquele capaz de resguardar as leis (campo jurídico) e os costumes (campo ético), seja o guardião da cidade, esse é o cerne da discussão do livro VI.


Os atributos do filósofo que Sócrates enumera são:


O 1º atributo: “estão sempre apaixonados pelo saber que possa revelar-lhes algo daquela essência que existe sempre, e que não se desvirtua por ação da ação e da corrupção”. O filósofo está sempre preocupado com o mundo das Idéias, onde não existe o erro da opinião, dos falsos aprendizados e do erro. O filósofo busca o que é em si, e o não filósofo busca a opinião. A filosofia aguça a capacidade de discernimento, aguça o senso-crítico. O filósofo é aquele que tem acuidade para saber o que é sempre do mesmo modo, ou seja, a Idéia. A formação do filósofo tem que ser baseada na Verdade. A Idéia para Platão é o que torna possível de entender a realidade. O filósofo busca a Idéia (essência) e a relação com o conhecimento, é uma relação de paixão (éros) pela essência em sua totalidade.


O 2º atributo: “a aversão à mentira e a recusa em admitir voluntariamente a falsidade”. Estar apaixonado na sua essência pela Totalidade. O compromisso do filósofo que governa a polis é com a verdade, com a ética e com a justiça, jamais com a falsidade e a corrupção.


O 3º atributo: prazer da alma em si. Conhecimento é da essência, da alma, mas, Platão afirma também o corpo, a vida é alma e corpo, e não só alma. Mas, o conhecimento só existe na alma, mas isso não quer dizer a negação do corpo, o Cristianismo é quem vai negar o corpo. O conhecimento da essência é diferente do conhecimento do corpo. Pensar uma realidade que se mantém sempre a mesma, ou seja, pensar o Ser e as questões essenciais estão fora do alcance dos sentidos do corpo, é da essência, da alma. O prazer da alma é entender o que é essencial, não são prazeres fugazes, momentâneos, é uma questão da descoberta da verdade, é fugir da opinião. O prazer da alma é a aquisição do conhecimento do Ser. O interesse profundo pelo conhecimento é o que Platão chama de amor à Sabedoria.


Conflito entre aparência e essência é todo o problema da filosofia e principalmente em Platão. Toda a discussão de Platão e toda crítica que ele faz a polis é que os homens se baseiam na opinião (doxá) ou aparência (aquilo que parece ser mas não é), por oposição ao conhecimento (epistéme – essência – o que é, o ser das coisas). Platão percebe que as pessoas se movem pela aparência, e que isso leva ao erro e à injustiça.


O 4º atributo: ser moderado. Sophrosyne – sabedoria no agir, pensar antes de agir, característica do uso da razão. Ser moderado no agir e saber a conseqüência de suas ações, moderado nos seus costumes e principalmente no exercício do poder, no governar com razão, respaldado pela formação integral que recebeu e ter habilidade política no momento de tomar decisões que afetam o destino da polis e dos cidadãos.


O 5º atributo: que não tenha mesquinhez. Não ter mesquinhez na alma nem na parte racional, ter largueza de espírito e visão ampla para ser soberano como governante. A mesquinhez turva a alma e impede de ter visão clara sobre as coisas, é importante na formação do filósofo, eliminar a mesquinhez para que ele possa ocupar o lugar de líder e tenha condições junto com os outros atributos, tomar as melhores decisões para o bem da cidade, sempre o bem da polis está em primeiro lugar. Por isso, Platão imaginou uma cidade governada por um filósofo, um ser preparado para ser e agir com plenitude e sempre visando o melhor para os interesses políticos, jurídicos, econômicos, sociais e em todos os âmbitos na sua sofocracia.


O 6º atributo: coragem. A coragem já é parte integrante da formação dos soldados gregos desde a época homérica, e portanto, um aspecto fundamental para a formação do filósofo. É preciso coragem para ser um governante numa polis grega, numa sofocracia, e saber superar as dificuldades imensas que encontrará no exercício do poder, pois o poder traz em si, uma gama imensa de dificuldades e problemas, que é preciso coragem e sabedoria para saber lidar com elas e claro, inteligência e sagacidade.


O 7º atributo: memória. A memória é o registro do pensamento, o pensamento é exercido pela alma – pensar o próprio pensamento – refletir sobre si mesmo. O exercício da alma de pensar é aprofundar os limites do conhecimento. Esse é um dos mais prazerosos deleites do filósofo, alcançar com o pensamento o conhecimento, que está além do mundo comum e sensível, e além do senso comum e vulgar dos homens comuns. A capacidade de ir buscar com o entendimento e a razão, e poder usar isso em seu trabalho de governante é um dos grandes desafios do filósofo.


O 8º atributo: comedimento, sensatez. A sensatez junto à coragem dão respaldo ao filósofo para o exercício do poder, e para sensatamente saber tomar as melhores decisões e não sucumbir ao poder, nem aos interesses inúmeros que sempre fazem parte de um governo de uma cidade, onde se juntam inúmeros interesses de homens e do povo, gerando conflitos e problemas os mais complexos e intrincados, e o filósofo terá que saber qual a melhor decisão tomar com sensatez e sabedoria.


As conclusões que ele expõe no livro VI são: 1ª conclusão: Logo, se quiseres distinguir a alma filosófica do que o não é, observarás se, desde nova, é justa e cordata, ou insociável e selvagem. E a 2ª conclusão: será então possível censurar, sob qualquer aspecto, uma ocupação tal que nunca ninguém será capaz de a exercer convenientemente, se não for de seu natural dotado de memória e de facilidade de aprender, de superioridade e amabilidade, amigo e aderente da verdade, da justiça, da coragem e da temperança?


Aquele que vê por conhecimento ou não vê por ignorância? Qual deve governar a polis? Essa é a pergunta. Claro que para a construção teórica utópica platônica quem deve governar é o filósofo, aquele que tem o conhecimento, que sabe captar o mundo das Idéias, portanto, é quem melhor está preparado para esse exercício. Nesse sentido, a ética é a compreensão do sentido do ser do homem no mundo, é uma reflexão sobre o melhor sentido que eu posso imprimir sobre a minha ação no mundo, é de fórum íntimo. A ética é uma busca individual, é o “conhece-te a ti mesmo”, a essência e não a aparência. O ético para o grego é a forma como o indivíduo vive, as relações que ele contrai dentro do seu habitat, é a forma íntima do indivíduo, nasce com o indivíduo, está no íntimo da pessoa. A moral é o costume, é o que vem de fora, é exterior ao indivíduo.


Para Platão essa construção da República é um processo completo de formação das pessoas da comunidade, formação Paidéutica. A República é uma construção no lógos, na imaginação, de uma politéia, é um discurso construído no pensamento. Uma utopia que não deixa de ser uma possibilidade de ser real com a reforma do indivíduo, é um vir a ser, que infelizmente até hoje não se realizou, nem há perspectivas para que a médio prazo isso aconteça, mas, quiçá um dia com uma profunda reforma social, individual, filosófica, essa utopia platônica possa acontecer, é uma dúvida presente e um desejo de filósofo (desde Platão) que esse vir a ser possa acontecer de fato. Platão quando fala de como formar um filósofo para governar a polis, no âmbito ético e jurídico, ele pensa na formação paidêutica do cidadão ateniense, A formação do filósofo é fundamental para governar com justiça uma cidade, para formar os cidadãos e saber como agir em cada situação. Platão vai falar do mundo das Idéias, da política, da dialética, do amor, da justiça, da Imortalidade da alma, sua filosofia tem uma abrangência de temas e elaborações, de reflexões as mais ricas e profundas que até hoje é considerado como um dos maiores filósofos do mundo ocidental.


Ele propõe um modelo ideal de formação do povo grego, isso é a República, essa tentativa de criar no discursso uma politéia ideal. Ele está comprometido com a ordem social, ele não está mais só interessado numa realidade ontológica-metafísica, ele já entendeu que a filosofia deve dar uma resposta à sociedade. Reforma política pelo conhecimento era o que Platão propunha. Tudo em Platão está fundada na Teoria das Idéias, na Metafísica.


Nos Diálogos platônicos ele coloca várias questões e não fecha, e é essa a intenção dele, ele não fecha a discussão, ele abre a discussão, diferente de Aristóteles que manipula o discurso e fecha a questão. Aristóteles é muito racional, já Platão é mais sensível e um grande filósofo literato.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

UMA VISÃO FILOSÓFICA SOBRE A MORTE.




A filosofia tem sua origem na Grécia ainda no tempo dos mitos e poesias, onde a educação era transmitida oralmente pelos rapsodos e bardos, sendo Homero (séc. VIII a.C) com a Ilíada e a Odisséia as duas grandes obras educativas dos gregos. A filosofia nasce com a passagem do mito ao lógos, onde passa a vigorar não mais a imaginação criativa, mas sim a razão, o grande rebento da filosofia. O primeiro momento da filosofia se deu acerca do estudo da phýsis, da natureza, do cosmos, sendo chamanda de cosmologia, ai se situam os primeiros filósofos, os pré-socráticos ou filósofos da natureza. È importante lembrar que neste contexto, desde Homero até os Pré-socráticos, já existia o Orfismo, uma religião dos mistérios, onde já se falava em morte, mas diferente da mitologia grega. O Orfismo foi importante nesse contexto histórico-cultural porque já mostrava a seus iniciados uma nova interpretação da existência humana, e já existe uma diferença radical entre a cultura grega homérica que via a morte como o fim de tudo da concepção órfica, que proclama a imortalidade da alma e a dualidade mente-corpo. É importante lembrar que o orfismo vai influenciar pitágoras, vários filósofos pré-socráticos como Heráclito, Empédocles, Platão e muitos filósofos na história da filosofia ocidental.



Filosofia sendo a junção de duas palavras gregas: philía (amor) e Sophia (sabedoria), ou seja, “amor ao saber”, a busca pela sabedoria, é importatne entender que ela se diferencia da ciência justamente por ser uma busca desinteressada do saber, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas, mas não prová-las como é o objetivo da ciência. Buscando assim a totalidade do Ser, para isso precisa descobrir qual o primeiro “Princípio”, o “por quê” das coisas. A filosofia como disse Aristóteles é um fim em si mesma, e tem como objetivo a Verdade. “ Todas as outras ciências podem ser mais necessárias do que esta, mas nenhuma será superior” (Aristóteles).


No primeiro momento o que interessa investigar e entender é o cosmos, a grande pergunta filosófica é: “por que existe o Ser e não o nada?”. Partindo daí, eles estudam a natureza, então a primeira fase da filosofia é uma COSMOLOGIA. Com Sócrates há uma virada radical desse horizonte, já se passa para um segundo momento filosófico muito importante, pois Sócrates muda o questionamento que vinha sendo feito até então, ele muda o foco de interesse, saindo do cosmos e centrando-se no homem, a filosofia deixa de ser só uma cosmologia e passa a ser também uma ANTROPOLOGIA, ou seja, não só o cosmos interessa agora, não só o que está fora, mas o que está dentro do homem, a filosofia passa a estudar o homem e suas complexidades, o homem passa a ter importância como Ser. Um terceiro momento se dá com o nascimento do Cristianismo e a filosofia medieval, onde a grande questão é a FÉ. A discussão central desse período medieval se dá em torno da possibilidade ou não de unir filosofia e teologia, duas grandes escolas são fundamentais nesse momento, a Patrística e a escolástica, além da Igreja Católica e da Reforma Protestante. O quarto momento acontece com o fim da filosofia medieval e começo da filosofia moderna, a questão central desse momento é a RAZÃO, a razão é o guia fundamental de todo o questionamento filosófico, vale lembrar Descartes, Hume, locke, Kant e grandes filósofos dessa fase.O quinto momento se inicia com Hegel e a filosofia contemporânea, tendo como questão central do questionamento filosófico a CRISE DA RAZÃO. Essa crise até hoje é a grande questão discutida entre os filósofos,incluindo os mais variados temas nessa discussão, inclusive a morte.


Com Platão nasce a Metafísica, o estudo das realidades supra-sensíveis, o que está além do físico. Com Platão e Aristóteles já se tem posto questões muito importantes e que são a base de toda a filosofia ocidental, as questões físicas, metafísicas, éticas, gnosiológicas, estéticas, lógicas e morais. Neste contexto a morte já é questionada e abordada entre os filósofos. Anaximandro vai ser o primeiro filósofo a falar de morte como expiação, e ser a semente do pensamento de Nietzsche sobre o Eterno Retorno. Heráclito com a idéia do Devir, já fala em alma, e acredita em vida após a morte por influência órfica. Pitágoras teve uma influência marcante do orfismo, mas fez modificações na sua doutrina pitagórica, onde o objetivo do Pitagorismo era levar uma vida digna para purificar e libertar a alma do corpo na morte. Para os “iniciados” no Pitagorismo, exigia-se uma vida contemplativa, a busca pela Verdade e a mais alta purificação, ou seja, a comunhão com o divino. Platão no Diálogo “Fédon”, fala sobre a Imortalidade da Alma, fala sobre a vida e a morte. Platão fala na sua filosofia que o corpo é o sepulcro da alma, só quando a alma se liberta da prisão do corpo e volta para o mundo supra-celeste é que pode conhecer a verdade. A questão da morte e da imortalidade vai ser fundamental na sua filosofia, ele aborda nos Diálogos “Mênon”, “Fédon”, “A República” (no Mito de ER – no livro X ele fala específicamente da morte, no Mito da caverna também, mas indiretamente, o Mito fala mais da descoberta do conhecimento, mas também aborda a morte) e no “Fedro”. Platão fala sobre a morte em vários diálogos, já Aristóteles, quase não fala em morte, ele fala do ato e potência, das quatro causas fundamentais, fala da Ética, da Metafísica e de muitas coisas, mas quase nada da morte.


Epicuro vai falar do prazer, da imperturbabilidade da alma, da ataraxia, e para ele não existe transcendência, não existe nada após a morte, a morte é o fim, por isso, é importante viver bem e ser feliz.


É interessante observar que especificamente sobre a morte, em filosofia pode se dividir em duas correntes: a filosofia imanente ( Aristóteles, Epicuro, Spinoza, etc) a a filosofia transcendente (pitágoras, Platão, Agostinho, Kant, etc).  Kierkegaard, Schopenhauer, Nietzsche, Heidegger, Freud, Foucault e deleuze, entre outros, mas esses todos falam em morte, de uma forma imanente ou transcendente, mas todos trabalham a questão da morte de uma maneira profunda.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

RODA VIVA!!!



Na UTI os médicos tentavam reanimá-lo, e operavam para tirarem as balas que estavam cravadas em seu corpo. A família apreensiva esperava aflita por notícias, a mãe rezava e chorava, pedindo a Deus para salvar seu filho, os outros tentavam se acalmar entre si, enquanto os médicos faziam tudo que estava ao alcance. Depois de horas de cirurgia os médicos informam que haviam tirado as balas, mas a situação ainda era delicada, Alexandre ainda corria risco de morte, e ficaria na UTI até sair do coma. Muitos dias depois ao sair da UTI para o quarto, revê emocionado os familiares, principalmente a mãe e o pai, que tanto amava. Mas descobre entre a raiva e a impotência que havia ficado tetraplégico. Reviu toda a cena de novo em sua mente, da briga, da discussão e dos tiros.


“Minha vida acabou mãe. O que vou fazer sem poder andar e sendo um inválido agora?”


“Não fale assim meu querido, nós estamos ao seu lado e vamos lhe ajudar nessa sua nova vida. Nós te amamos muito e você vai superar tudo isso, nós vamos estar junto com você. Não chora assim filho, me corta o coração.”


“Aquela desgraçada acabou com minha vida, o que eu vou fazer agora?”


“Agora você vai refazer sua vida meu querido, a notícia boa é que ela já foi presa, e vai responder pelo crime que fez na prisão, já foi negado o habeas corpus dela. Mas agora, vamos pensar só em você, você ainda é muito novo, tem uma vida inteira pela frente, é bonito, inteligente, vai readaptar sua vida a essa nova condição.”


Seis meses depois de sair do hospital, aprendendo a se readaptar com as novas realidades, entre ódio, mágoa, depressão, impotência, tempestades de sentimentos dentro de si, resolve retomar sua vida, deixar de sentir pena de si mesmo e ir à luta. Começa a fazer terapia, vai falar com seu antigo chefe para voltar a trabalhar, retoma a faculdade, começa a olhar novamente para o mundo, e decide viver e ser feliz, mesmo em cima de uma cadeira de rodas. Volta a trabalhar seis horas diárias numa concessionária de carros importados, gostava de vender e trabalhar com pessoas. Retoma o curso de direito. Um ano e meio depois assiste ao julgamento de Patrícia, sua ex-noiva, que por vingança e ciúmes quase o matara. Vê realizado ela ser condenada a vinte anos de prisão em regime fechado. Sentiu um alívio ao sair do julgamento, mas ainda sentia muito ódio dela, levaria muito tempo até conseguir perdoá-la. Pelo menos pagaria pelo crime que cometeu isso já era alguma coisa.


Mesmo em terapia, ainda tinha muita dificuldade de se relacionar, não conseguia sair, nem tinha namorado ninguém desde o acidente. Tinha colocado na cabeça que nenhuma mulher iria querer namorar um inválido. Era muito difícil aceitar que aos 30 anos estava privado de ter filhos e de ter uma vida sexual, por culpa de uma louca insana. Tinha acabado seu noivado com Patrícia justamente porque ela era doente de ciúmes, era excessivamente dependente dele, mimada e imatura, não era o tipo de mulher que queria para dividir sua vida. Queria casar com uma mulher independente, segura de si, equilibrada, carinhosa, tudo que Patrícia não era. Viveram um namoro turbulento, com vários rompimentos e brigas, um inferno. Por pressão da família dela e por uma gravidez indesejada, noivaram. Alexandre sentia-se aprisionado e infeliz, não queria casar obrigado, sem amor, só por uma imposição familiar e convenções sociais. Mas sempre que pensava em terminar de vez o noivado pensava em seu filho que estava a caminho. Uma noite voltando de uma festa, os dois embriagados, Patrícia fez questão de dirigir, apesar dos protestos de Alexandre ela voltou dirigindo e bateu em outro carro, virou e os dois foram parar no hospital. Alexandre sofreu algumas escoriações, nada grave, mas com ela foi mais sério, além de ter perdido a criança. Foi a gota d’água que faltava para acabar de vez o noivado.


Na sua turma de direito, tinha feito muitas amizades, lhe fazia muito bem estudar. Sempre que tinha trabalho de grupo para fazer Laura ficava em seu grupo, começava uma amizade bonita, sempre estudavam juntos, começaram a sair para jantar, conversar e sentiam nascer um amor no coração dos dois. Alexandre sentia-se deprimido por estar apaixonado, pois tinha muito medo de não ser correspondido e de viver condenado à solidão. Depois de várias semanas observando-o, vendo triste, desanimado, calado, ela pergunta o que estava acontecendo.


“Estou a dias te observando e percebo que você está triste, calado, parece que está me evitando. O que está acontecendo? Eu fiz ou disse algo que lhe magoou?”


“Não Laura, não é nada com você querida, são meus processos internos. Não se preocupe.”


“Claro que me preocupo. Não gosto de vê-lo triste, eu posso fazer alguma coisa para tirá-lo dessa tristeza?”


“Pode. Quando terminar a aula vamos jantar naquele restaurante chinês que você adora? Que tal?”


“Vou adorar, além de estar morrendo de fome, quero conversar com você uma coisa muito importante.”


Já no restaurante, escolhem um delicioso yakisoba com rolinhos primavera e um vinho tinto. Conversam sobre estudos, família, trabalho, até Alexandre perguntar o que ela gostaria de falar.


“Eu estou preocupada com você, não gosto de vê-lo triste, eu posso ajudá-lo?”


“É que às vezes eu ainda sinto muito ódio, e sinto muita revolta por estar nessa cadeira de rodas, sinto como se estivesse condenado à solidão para o resto de minha vida, e isso me deixa deprimido.”


“Por que condenado à solidão? Tudo bem que não deve ser fácil para você aceitar essa tragédia e viver nessa cadeira de rodas, mas você é jovem, bonito, inteligente, tem uma vida inteira pela frente, por que esse pessimismo?”


“Que mulher vai querer namorar um aleijado como eu? Você acha que alguma mulher em sã consciência vai querer casar comigo e passar a vida ao lado de um homem que não é mais homem, que não pode ter filhos, que sempre vai precisar de ajuda para algumas coisas?”


“E o amor? Você não acredita mais no amor Alexandre?”


“Sinceramente Laura, não. Eu acredito que eu possa amar, mas não acredito que possa ser amado, é nesse sentido que eu falo.”


“Eu fico decepcionada ouvindo isso. Não sei se isso é pessimismo, auto-compaixão, falta de fé na vida ou tudo junto. Então você nunca amou na vida. O amor está além do físico, o amor transborda, extravasa, transcende o belo e o feio, a saúde ou a doença, as dificuldades. Quando a gente ama, ama o outro pelo que ele é enquanto Ser, não pelo que ele tem, nem como ele está. O amor ajuda a superar as dificuldades Alex.”


“Você fala e seus olhos brilham, até me emociona. Você está amando Laura? Porque este brilho no olhar só quem ama tem.”


“Estou Alex. Mas acho que ele não me ama.”


“Ele já tem namorada?”


“Não.”


“E por que você acha que ele não te ama? Você já conversou com ele?”


“Ele se fechou para o mundo, estou tentando chegar ao coração dele, mas ele não percebe, ou não quer perceber. Ele não acredita mais que ele é um homem encantador, maravilhoso, capaz de fazer uma mulher feliz, só porque é um cadeirante. Acorda Alex, será que você não percebe que eu te amo e estou tentando de mostrar isso desde o começo do semestre. Será que é tão difícil você se permitir ser amado? Perceber que você perdeu a locomoção, não o coração.”


“Nem acredito o que acabei de ouvir. Você está falando sério?”


“Não, estou brincando. Você acha que eu brincaria com um assunto sério desses?”


“Desculpa Laura, é que me pegou de surpresa. A minha tristeza desses últimos tempos era justamente porque me apaixonei por você e não tinha coragem de falar pra você, eu achava que você só me via como amigo. e esse sentimento estava me angustiando. Lembra aquele dia que fui estudar na sua casa e sua mãe só falava no mauricinho do Jackson, que é filho de senador, que é louco por você, ela não parava de falar nele e que queria que você o namorasse, eu estava enlouquecendo ouvindo aquilo, só não sai correndo porque não pude.”


“Você já consegue fazer graça com sua condição, já é um bom sinal. Eu me lembro daquele dia, mas você viu que eu nem dei atenção a ela? O Jackson não me interessa, não é ele que eu quero, é você Alex.”


“Mas ele foi lhe pegar na universidade umas três vezes, eu achei que vocês estivessem namorando, por isso que fiquei triste.”


“Por que você não me perguntou?”


“Não tive coragem. Além do mais, não sou filho de senador, não moro no Lago sul, naquelas mansões maravilhosas, e tenho certeza que sua mãe não aprovaria nosso namoro. Mas mesmo assim, você quer me namorar Laura?”


“Quero muito meu querido. E quanto a minha família, não se preocupe, pois com o tempo eles vão aceitar, eu espero.”


Jantaram, brindaram e começaram um namoro que enfrentaria muitos preconceitos, mas também causaria admiração. Assumiram o namoro na universidade, e na família dele, onde foi muito bem recebida. A mãe de Alex era uma mulher de fibra, de espírito nobre e acolhedor, logo acolheu Laura como uma filha. Já com a família dela foi uma situação mais delicada. Laura contou para os pais que estava namorando, e a mãe logo deu os parabéns pelo namoro com Jackson.


“Mãe, eu não estou namorando Jackson, eu estou namorando Alex.”


“Eu não acredito que você vai trocar um homem rico, bonito, um dos solteiros mais cobiçados de Brasília, que pode lhe dar uma vida de rainha, por um rapaz de classe média, e ainda por cima aleijado, não acredito, é demais para minha cabeça. Eu não apoio esse namoro.”


“Claro que a senhora não apóia. Só o que lhe interessa é o dinheiro. Não importa como a pessoa é, contanto que tenha dinheiro é o que vale pra senhora, pode atear fogo em índios no meio da rua, mas tendo dinheiro é o que lhe importa não é? Não importa se vou ser feliz ou não, o que importa é ter carro do ano, roupa de griffe e viajar para Europa todo ano. Eu sinto muito lhe informar, mas os meus valores são totalmente diferentes dos seus, graças a Deus. E se a senhora não apóia, eu sinto muito, mas isso não vai mudar minha decisão, pois eu amo o Alex.”


“Pois não conte com o meu apoio. Vão viver de quê? E você nunca vai poder ter filhos com ele, já pensou nisso?”


“Já pensei nisso. Isso não vai ser problema. É mais doloroso ouvir seu preconceito e sua mesquinhez do que saber que não vou poder ter filhos.”


“Você é uma decepção para mim, sempre faz tudo errado, seu prazer é me tirar do sério, quando você estiver infeliz, não venha chorar no meu ombro.”


“Muito obrigada dona Tereza.”


Laura chegou à casa de Alex aos prantos, ele tinha saído, tinha ido para a terapia, então ela desabafou com a sogra, estava arrasada com sua mãe. Sempre sentia que a mãe preferia a sua irmã, que era igual a ela, fútil, interesseira, superficial, materialista, o contrário de Laura. Sempre tivera uma relação difícil com as duas. Só seu pai lhe entendia, era um homem de origem humilde, que venceu na vida trabalhando, era um pai maravilhoso. Foi o único que apoiou o namoro. Sempre sentiu o preconceito das pessoas, como o diferente é difícil em nossa sociedade. Quando fizeram um ano de namoro, resolveram noivar, e fizeram um jantar na casa dele, convidaram alguns amigos mais queridos, toda a família de Alex e a família de Laura, mas só o seu pai foi. Sua mãe mais uma vez tinha conseguido magoá-la fundo. Foi um jantar muito agradável, trocaram alianças, beberam, comemoraram, estavam muito felizes. Ela dormiu na casa dele, e ficou alguns dias na casa dele, enquanto terminavam de pintar o apartamento que Alex tinha, e estava fechado, quando terminou a pintura Laura já fez questão de mudar, pois não suportava mais ficar perto de sua mãe. Seis meses depois casaram na igreja, numa cerimônia simples e bonita. Ela entra na igreja de braços dados com seu pai, estava linda num vestido branco e muito feliz, pois amava muito Alex e sabia que seriam felizes. O sermão do padre foi muito bonito, falando do amor, emocionou a todos. A cara amarrada da mãe não conseguiu estragar sua felicidade, mas nublara sua alma. Ela saiu do altar sentada no colo dele na cadeira de rodas, uma cena linda e inusitada. Na lua-de-mel que seria num hotel cinco estrelas em Brasília mesmo, pois decidiram não viajar naquele momento, eles viveram momentos de pura felicidade, de entrega e de união plena, pois mesmo não tendo uma vida sexual “normal”, (sexo genital), estavam descobrindo formas de se amarem, pois o corpo todo pode ser imantado de desejo, o prazer está em toda a pele, em todas as partes do corpo, e não tem afrodisíaco melhor que o carinho e a entrega ao outro. Quando se larga o preconceito, inúmeras descobertas são possíveis, caminhos são criados, é possível desfrutar da felicidade de estar vivo, de poder amar, de Ser com o outro.


Laura estava com uma causa de adoção, e teve que ir visitar o orfanato que a criança estava. Foi junto com sua cliente, fez a visita e conheceu várias crianças abandonadas, mas duas em especial mexeram com seu coração. Fernando e Bia eram gêmeos, a mãe não sabia quem era o pai e alegava não ter condições de criá-los, deixou os dois lá e nunca mais apareceu em oito anos. Laura se apaixonou pelos dois no momento em que os viu. Conversou com eles, brincou e prometeu voltar. Dois dias depois voltou para vê-los, levou biscoito, chocolate e ficou mais de uma hora com eles. Passou dois meses visitando as crianças, criou vínculos. Resolveu conversar com a Assistente social e dizer que queria adotá-los. Naquela noite, abriu seu coração para Alex, que a princípio teve medo se as crianças iriam aceitá-lo, mas viu como Laura já amava os dois, e decidiram dar entrada na adoção. Alex foi conhecê-los, e entendeu o amor de Laura. Foi capturado pelo olhar de amor nos olhos deles, que encheram seu coração. Depois de conseguirem a adoção legal, formaram uma família, que como todas as que existem, passaram por turbulências, ajustes, desajustes, encontros e desencontros, mas sempre tendo a felicidade como guia. A família de Alex e o pai de Laura sempre presentes, compartilhando da felicidade e da vida dos quatro, menos a irmã de Laura que casou e foi embora para o exterior e a mãe que vivia amargurada, sozinha e refém do seu egoísmo, incapaz de olhar o mundo com olhos de misericórdia e compaixão. O destino dos secos de alma é a solidão.

JANAINA ISMENIA DE MELO.
(foto tirada da internet).

SEDUÇÃO!!!



Uma realidade interessante para se pensar.
Como a sedução é importante como “vivência”, no sentido da experiência, da realização, do enriquecimento interior, na construção da interioridade. O seduzir o outro, seja pela palavra, pela estética, pelo poder, existem infinitas formas de seduzir – o que motiva a sedução, passa pela questão tanto do prazer de conquistar como pelo prazer de compartilhar. E aí se pode pensar também, na importância do “olhar” – que sentido extraordinário este que permite que através dele se conheça o mundo, as coisas. Como através desse sentido, selecionamos, escolhemos, evitamos. Os sentidos passam a ser o que “vemos”, então, a visão passa a ter supremacia sobre os outros sentidos, até amortecendo-os, muitas vezes. Paradoxalmente, muitas vezes ele é esquecido, caímos na “mortificação do olhar” – olhamos, mas, não vemos de fato. Perdemos a capacidade de olhar e ver a profundidade do sentimento, a profundidade do amor, a profundidade do Ser. Como diz Padre AntônioVieira “O olhar contém em si todos os sentido, ampliando-os”. Porque hoje, nessa nossa sociedade contemporânea, mortificamos o olhar? Mortificamos o sentir? Mortificamos o Ser? A superficialidade reina nas mentes vazias e corações atribulados pelo medo, medo da solidão, medo da entrega – e entrega no sentido literal, se entregar ao outro de corpo e alma. Só que na grandiosa maioria das pessoas o pavor da entrega por medo de perder o controle de si, e permitir que o outro entre e faça morada, esse medo é devastador. Aliás, esse medo é o grande devastador de almas, de possibilidades de amores que poderiam ser engrandecedores, enriquecedores, inesquecíveis, e que deixam de acontecer. Como o ser humano é fraco ainda. A coragem da entrega só alguns poucos Seres fortes interiormente possuem, e a estes, é permitida esta vivência intensa de amor-entrega. Como é rica a possibilidade de exploração (no sentido positivo) da psique humana, como é complexo esse campo que denominamos “razão”, e como essa junção de razão e emoção, se é que dá para juntarmos os dois, é tão ampla de possibilidades. Voltando um pouco à questão da superficialidade, que é um grande abismo em que o ser humano vem se perdendo, com aceleração crescente pelo menos nesses últimos vinte anos, esse abismo de superficialidade bestializante e paralizante, que não impede, mas anestesia o homem de pensar, sentir e viver com intensidade e profundidade a vida, os sentimentos, as emoções. Como a sociedade se envereda, porque é um processo em andamento, lógico, retirando todas as exceções, nesse caminho fácil do não-pensar, não-sentir, não-responsabilizar-se das coisas importantes da vida, e aí estamos em plena era da “robotização humana”. Como a filosofia se faz urgente e necessária, como ponte de ligação entre o saber, o sentir e o ser. Como filosofia e teologia juntas se fazem imprescindíveis como oásis nesse deserto em que o homem atravessa por ora. A desertificação que a superficialidade causa, já que esteriliza a “construção” de uma vida interior rica de conhecimentos, sentimentos, emoções, vivências, nos remete ao nihilismo de Nietzsche, ao esquecimento do Ser, em Heidegger, e a tantas e tão ricas questões que a filosofia se propõe desde os pré-socráticos até hoje. Como a questão da “sociedade administrada” da Escola de Frankfurt nos salta aos olhos, com todas as suas implicações filosóficas, políticas e humanas. É entendível (mas não aceitável), o porquê tanto preconceito para com a filosofia, não só pelo sua “inutilidade” numa sociedade utilitarista-consumista, como pelos caminhos que nos abre para o pensar, despertar a capacidade crítica é perigoso numa “sociedade administrada”, não temos que pensar, temos que consumir.

Voltando para o tema da sedução, como é bom poder apaixonar-se e seduzir quem despertou essa paixão. É engraçado, porque, para seduzir o outro, faz-se necessário, no mínimo, olhar para si mesmo, conhecer-se melhor, descobri-se para descobrir o outro, e esse caminho é apaixonante!!! Correndo todos os riscos que essa vivência traz consigo. Permitir-se correr os riscos de uma paixão, já uma experiência deveras interessante, poder despertar e desfrutar do sentimento intenso de amor e paixão, carinho, cuidado, e todo mar de sensações, muitas vezes tempestuoso, mas rico, nos possibilita uma riqueza interior junto com uma alegria contagiante. Como a sedução é importante e trouxe tantas implicações na nossa sociedade ocidental, mas isso é material para uma outra reflexão, em outro momento, gostaria só de deixar registrado agora, nesse exato momento, que é maravilhosa a vivência da sedução entre dois seres apaixonantes, apaixonados e que se permitem “compartilhar”, mesmo que distante, de seus mundos ricos de conhecimentos, sentimentos e emoções. Um amor que engrandece e felicita vidas.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

domingo, 4 de outubro de 2009

OLHOS DE MAR...




Em seus olhos eu me vejo
Em seus olhos eu mergulho e me encontro
Nos seus olhos de alvorecer eu renasço com a beleza do sol que derrama sua luz em tudo
Enchendo tudo de brilho e magia
Estou misturada a ti, somos dois corpos e um coração
Que pulsa e vive na intensidade do amor
Um amor intenso, vívido
Mergulhar em teu Ser foi um presente divino
Olhar em teus olhos e encontrar a beleza de tua alma
És um homem raro, encantador, lindo, sensível, apaixonante
Cada segundo junto a ti foi pleno de descobertas e despertares
Amo-te ainda mais
O que sinto por ti não cabe em palavras, está além
Amo-te na delicadeza do amor
Na vastidão do sentimento que ultrapassa qualquer possibilidade de descrição reducionista
És como o oceano, profundo, misterioso, intenso e acima de tudo belíssimo
Um oceano onde eu mergulho e me torno plena
Amo mergulhar em teus mistérios
Ficar quieta no teu silêncio abissal
Dançar em tuas ondas, me desmanchar em tua espuma na areia
Nos teus olhos de mar posso ver o brilho da lua e das estrelas
A mudança das estações e a beleza de tua alma poética, que me encanta a cada alvorecer
Teus olhos de mar que margeiam meu horizonte
Que enfeitam meu cenário de pura beleza e me envolve no ir e vir de tuas ondas
Somos um universo de amor pleno.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet).

LEVEZA.


Leveza das folhas que se dão ao vento e fazem um balé no ar que é lindo de se observar
A leveza é tão necessária na vida, nas relações
A vida é um fio muito delicado
Leveza é fundamental para esse fio não romper
Como é importante leveza e delicadeza na vida e no convívio com as pessoas, com a família,
entre casais fundamentalmente
Toda relação só floresce com leveza, delicadeza, carinho, respeito, a lista é enorme
mas essas já transformam tudo em luz.
Por que hoje é tão difícil as pessoas serem felizes?
Por que é tão difícil as relações amorosas florescerem em permanência?
Por que hoje é tudo tão superficial? descartável?
Vivemos no mundo do espetáculo e na ditadura da mídia
Onde impera o consumismo desenfreado e irracional para ocultar os corações vazios
Vivemos a falência dos corações???
Me nego a acreditar nisso, prefiro acreditar sempre que por mais que estejamos sufocados
desesperadamente sufocados por tantas coisas que assolam a vida contemporânea
conseguiremos superar esse vazio existencial e celebrar a vida nas suas dimensões infinitas e belas
Vivemos hoje com a sensação que é necessário ter licença para existir, para SER, pois o ter impera
Será que perdemos o caminho de volta para nossa ESSÊNCIA???
Não quero me entregar a um niilismo radical, mesmo me sentindo sufocar nesse mar bravio do capitalismo selvagem e da pobreza espiritual que insiste em nos empurrar para baixo
O caminho do SER, da ESSÊNCIA está posto, ao lado do caminho do ter, a escolha é individual
Eu escolho o caminho do SER, pois não suporto o caminho do ter e a indigência ontológica que esse caminho nos impõe
Escolho o caminho do Ser, mesmo sendo o caminho mais difícil, mas como dizia Nietzsche, é preciso sair da manada
O SER nos coloca frente a nossos medos e desafios
mas também nos torna fortes e destemidos
nos faz ter brilho nos olhos e música na alma
nos faz acreditar mesmo quando tudo parece mostrar o contrário
nos faz sensíveis impedindo a alma de se anestesiar
tornamo-nos uma sinfonia, que encanta e que faz diferença no mundo
num mundo árido de beleza genuína, onde a beleza está soterrada sobre os escombros da feiúra
e brutalidade da insensibilidade midiática e superficial
Que cada um possa ter a coragem de escolher seu caminho e compor sua sinfonia
Eu me encantei com a sua sinfonia cheia de beleza e poesia
que encanta os meus dias e me faz feliz
Amo-te poeticamente e delicadamente.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

ESPAÇOS INFINITOS



Por que me debato nos espaços infinitos?
Por que procuro o silêncio das estrelas?
Por que preciso do mar?
A imensidão do universo me seduz a procurar seus mistérios
Desvendar seus segredos
Mergulhar em sua beleza infinita
Não me contento em ficar só na finitude humana
Preciso de muito mais
Minha alma não suporta esse confinamento
Preciso da luz do sol
Do brilho das estrelas
Da beleza da lua
Da sinfonia do mar
Preciso de pôr do sol e auroras para me encantar
Sou tecida de silêncios e palavras
De solidão e turbulência
Dor e prazer
Não sou um ser acabado, estou em plena feitura
Sendo feita e refeita a cada amanhecer, a cada anoitecer
As estrelas enfeitam meu olhar
A sinfonia do mar é minha música permanente
Musicando meu falar
Sou gestada no ventre da noite e nascida com o orvalho da manhã
Onde me encontrar?
Em todo lugar, em lugar algum
Me dissolvo no silêncio dos espaços infinitos.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

METAFÍSICA DO TEMPO!!!




Sutileza ao anoitecer em meio a palavras soltas que dançam no ar
E tomam forma pela madrugada em poemas de amar
Alvorada com orvalho em pétalas de flor que exalará seu perfume e secará
Quanta fugacidade há em tudo, por que o tempo é tão fugidio?
O tempo é uma armadilha metafísica que enclausura o homem em sua eterna velocidade sem parar
Por quê existe o tempo? Para quê existem as horas?
Metafísica demais os meus pensamentos
Já que o tempo é inexorável na realidade humana, resta ao poeta conseguir dribá-la
E mergulhar no infinito sem tempo, para numa ligação direta com o divino, sem-tempo,
Traduzir em palavras o que é indizível
O poeta tem uma ligação direta com o Divino, uma ponte que só pela sensibilidade se pode atravessar
Poetas para quê?
A poesia nos livra da nossa indigência ontológica, das misérias, da escassez da beleza
De tudo o que transforma a alma em deserto,
Transformando tudo em Primavera de Ser.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O PRAZER COMO BEM SUPREMO EM EPICURO.









“O essencial para a nossa felicidade é a nossa condição íntima: e desta somos nós os amos”  Epicuro






“O Prazer como Bem Supremo em Epicuro”, é uma investigação acerca do prazer epicúreo, sua especificidade como via à imperturbabilidade da alma.


Essa gratificante aventura, ao passo que conduz ao cerne das idéias desse grande pensador eleva o espírito a um patamar de entendimento da natureza e do papel da filosofia para o ser humano como o meio genuíno, distinto, próprio do gênero, capaz de revelar a realidade. Nessa perspectiva a filosofia é para o Epicurismo a coisa mais cara e necessária a todos os seres humanos, por excelência um instrumento de libertação, via única à verdadeira felicidade.






“Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo enquanto velho, porque ninguém é jamais demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la”. (Epicuro, Carta a Meneceu, p. 22).






Questões como o autodomínio, a serenidade, o prazer, a ética, o entendimento da alma, a compreensão e convivência com a natureza, são assuntos abordados neste estudo.


Se preocupar com a realidade do todo é mister do filósofo. A realidade não está pronta, é preciso ir buscá-la com o entendimento. A possibilidade de se elevar o pensamento ao entendimento, é a grandiosidade do homem. É baseado na idéia de que o entendimento leva ao aprofundamento sobre a realidade que Epicuro vai deter-se nas questões que ele elegeu como fundamentais para o bem viver e para se chegar a ataraxia e a aponia, conseqüentemente à felicidade.


Epicuro foi o grande pensador que revolucionou a filosofia com o seu modo de vida simples em comunhão com a natureza, com seus princípios de prazer, felicidade e da imperturbabilidade da alma. Ele nos traz a possibilidade de escolha consciente entre o prazer e a dor, nos coloca a importância da amizade, do companheirismo, do entendimento da natureza como forma de conhecimento e clareza da própria vida. Uma filosofia despojada de preocupação com a retórica e com os malabarismos egóicos de se exibir em praça pública para grandes auditórios lotados. Para Epicuro a máxima “Viver obscuro”, afastado do burburinho da cidade, das discussões sofísticas e da política era importante como forma de conduta de vida para resguardar o virtuosismo do indivíduo em direção a felicidade verdadeira conquistada pelo prazer, oriundo do conhecimento. Ele foi antes de tudo um revolucionário. Daí instalar sua escola numa casa com jardim afastada da cidade. Ele e seus seguidores ficaram conhecidos como “os filósofos do Jardim”.


Em Epicuro existe a possibilidade do conhecimento e não da dogmatização do conhecimento. O conhecimento do homem se dá na relação com a natureza. Não há em Epicuro teologia nem metafísica no sentido escolástico, há metafísica no sentido ontológico.


A conquista da paz de espírito é um desejo comum ao homem e segundo ele todos podem consegui-la, se quiserem. Para esse fim, Ele abre as portas do jardim para homens, mulheres (incluindo as prostitutas), crianças e escravos, todos em igualdade e comungando dos mesmos ideais.


Ele fala sobre a canônica, a física, e a ética, esta última como o meio para alcançar a felicidade, o prazer e a imperturbabilidade da alma. Ele chamava os sentidos de mensageiro do verdadeiro. A sensação é a via que nos mostra a realidade, não podendo nunca uma sensação falhar.


Segundo ele, há dois tipos de afecções: o prazer e a dor.




”Prazeres e dores são os sinais da natureza para avançar e parar em todos os níveis da existência”. (Brun, O Epicurismo, 70, p. 54).




O ponto fundamental para a ética de Epicuro é referente a esses dois tipos de afecções, o prazer e a dor, a partir daí ele vai desenvolver a sua ética. Além das afecções, existem também as efecções que são as impressões que os sentidos fazem em nós, podendo ser agradáveis ou não.


O prazer é o cerne, a mola mestra em que se arrola a filosofia de Epicuro. O prazer referido não é o prazer frívolo, carnal, irresponsável, pelo contrário, é o maior bem da alma, causa prima de toda motivação humana. Por isso na elaboração da sua ética ele avisa sobre as conseqüências dos prazeres e sobre os prazeres imediatos e os duradouros, estes que o indivíduo deve conquistar durante a sua vida. Com a vida consciente e serena pode-se controlar e tornar os prazeres um bem permanente. O autocontrole, a temperança a serenidade e o sentimento da amizade são motivadores do prazer. Para tanto deve o indivíduo se afastar de todos os apegos sejam eles bons ou ruins. A filosofia é o “remédio” que anula os medos dos homens.


“O epicurismo pedirá ao homem para viver de acordo com a natureza confiando nas mensagens da sensação dada ao mesmo tempo como critério do verdadeiro – por isso, é o epicurismo um sensualismo – e como critério do bem – por isso, é o epicurismo um hedonismo”. ( Brun, O Epicurismo, edições 70, p. 22).


O hedonismo em Epicuro leva ao domínio de si mesmo. Esse domínio tem como base a escolha consciente da vida junto à natureza e completamente afastado das ilusões e paixões desenfreadas, que levam ao sofrimento.


Para Epicuro o prazer é o princípio e o fim da vida feliz. Esse prazer leva a ataraxia (imperturbabilidade da alma), a aponia (ausência de dor física), a autarquia (domínio de si) e ao prazer do ventre que está ligado tanto ao estômago, com uma nutrição saudável e natural, como está ligado aos órgãos sexuais, ao prazer sexual.


A moderação do apetite é relevante para a satisfação plena sem a necessidade do esbanjamento artificial e o prazer sexual longe dos olhos da moral cerceadora, que julga, critica, condena e causa sofrimentos, promove uma satisfação, um enorme bem-estar físico e psíquico e a felicidade. Nessa questão o equilíbrio é fundamental no sentido da auto-preservação, se não, ocorre um processo inverso de degeneração e sofrimento.




“Nenhum prazer é em si um mal, mas algumas coisas capazes de engendrar prazeres trazem consigo mais malefícios que prazeres”. ( Brun, O Epicurismo, edições 70, p. 103).




O prazer tem o sentido de se harmonizar com o Todo; que anula as carências e promove a plenitude.


Para o epicurismo rememorar momentos prazerosos assume uma importância relevante. Essa capacidade que o homem tem de reter fatos felizes do passado e sentir-se feliz novamente ao rememorá-los lhe confere poder de escolha entre a dor e o prazer e está sempre presente.


O equilíbrio é fundamental para a filosofia epicúrea, visto que é ele que conduz a satisfação interior e a felicidade. Esse equilíbrio está diretamente ligado a virtude, no sentido da prudência, beleza e da justiça.


A ética de Epicuro é a via de acesso para a libertação da alma humana da ignorância ou de infundadas crenças que o aterrorizam, tornando-se assim, uma via de acesso à verdadeira felicidade.


Na sua filosofia ele estabelece uma hierarquia dos desejos: os desejos naturais e necessários; os naturais e não necessários; e os nem naturais e nem necessários. Os primeiros são as necessidades básicas de sobrevivência, como comer, beber e dormir. Nessa questão ele fala do sábio contentar-se com o que a natureza lhe põe ao alcance. A natureza é pródiga e farta em saciar os desejos naturais e necessários.


Depois vêm, os desejos naturais e não necessários que são aqueles relacionados também as necessidades primárias, mas que o homem pode enriquecer, variar e refinar.


O terceiro, são os artificiais por excelência, nem naturais nem necessários. Estes são concebidos pelos homens. Deles pode sobrevir sofrimentos. Os desejos de fama, poder, riqueza, a cobiça e uma interminável lista de atributos criados pela ganância do homem, causadores dos desequilíbrios e da degeneração.




“Os insensatos nunca estão satisfeitos com o que têm, mas afligem-se com o que não têm. Os insensatos ficam inchados de orgulho na prosperidade, mas abatidos na adversidade, aquele que não sabe contentar-se com o que tem será infeliz, mesmo que se torne o mestre do mundo”.( Brun, O Epicurismo, edições 70, p. 108).




Com relação aos desejos nem naturais nem necessários, o sábio simplesmente evita-os, mas não conseguindo evitá-los, é fundamental a prudência na escolha desses prazeres. Para o homem que procura o equilíbrio interior e a felicidade, é necessário desviar-se dos prazeres vãos e fúteis para gozar da tranqüilidade e da imperturbabilidade da alma.


Com sua filosofia naturalista ele fala de dois temores que impedem o homem de encontrar a felicidade: o medo da morte e o medo dos deuses.


Epicuro nos ensinou ainda sobre o Tetraphármacom:


*deus não é de se recear;


*a morte não é nada para nós;


* o bem é fácil de se obter;


*o sofrimento é fácil de suportar.


Viver para conhecer a realidade, não se preocupar com as coisas fúteis da vida, compreender a natureza é fundamental. Conseguir entender e incorporar essas quatro formas de bem viver de Epicuro é o caminho para a Ataraxia e a Aponia.


A finalidade da ética de Epicuro é o objetivo da sua filosofia, ou seja, a questão do bem e do prazer para a realização de uma vida serena e feliz. Ele fala do prazer em repouso, ou seja, do prazer estável, que atinge um ponto de equilíbrio e mantém-se livre de carências.






“O limite da magnitude dos prazeres é o afastamento de toda dor. E onde há prazer, enquanto existe, não há dor de corpo ou de espírito, ou de ambos”. (Epicuro, Os Pensadores, 1980, p. 14).






Para ele as perturbações e alegrias são estados psíquicos. Além de vivenciar as dores e prazeres corpóreos, as manifestações da psique, do ponto de vista do equilíbrio interior e do domínio de si, são influenciados pelos estados conscientes e inconscientes. É interessante essa consideração porque envolve também o poder da racionalidade e da lógica para entender as escolhas que nos levam a ataraxia e a aponia, para desfrutar da felicidade ou do sofrimento pelo livre arbítrio.


O equilíbrio está relacionado diretamente à felicidade, a não-carência, a plenitude da vivência ataráxica. A alma, para Ele, é um corpo dentro do corpo, um corpo sutil que compõe um corpo físico denso, que serve como ligação, a união corpo denso-corpo sutil (corpo-alma). A alma é composta por duas partes: o Logikon, que é parte racional da alma, e o Alogon, que é a parte irracional. É a alma que imprime sentimentos, sensações e movimento ao corpo. A alma anima o corpo, dá vida às sensações, aos sentimentos e a mobilidade. Há uma interação plena entre corpo e alma. Um desequilíbrio gerado no corpo repercute na alma e vice-versa. Sendo assim existem as doenças físicas e as psíquicas que se somatizam no corpo.


Epicuro só vai pensar a ética depois de pensar a física, ele vai buscar a resposta da complexidade do ser humano na natureza.


Ser feliz é o grande objetivo de Epicuro, o amadurecimento não diz respeito a idade, a filosofia provoca o amadurecimento do espírito. A felicidade pode ser traduzida por Eudaimonía, ser tomado por um bom estado de espírito, ou por Makarios zen, a vida bem aventurada. Só a filosofia proporciona esse estado de felicidade.


No Jardim de Epicuro existia uma verdadeira prática terapêutica para o corpo e a alma, através do Tetraphármacom e das recordações dos momentos de prazer anteriormente vivenciados. Aprofundavam no entendimento da psyché, a psicologia da alma e sob a luz desse conhecimento buscava-se entendimento sobre os temores das doenças, das angústias, dos sentimentos e sensações que levam a alma ao desequilíbrio.


Para Epicuro o verdadeiro prazer e a verdadeira felicidade consistem em um equilíbrio sereno da alma, somente possível quando se silencia as paixões: a cobiça, o medo, e a dor, todos esses "ciclones da alma". Se esse apaziguamento é bem sucedido, desaparece toda agitação de nossa alma. Quando se consegue isso, surge a autêntica atitude filosófica: a "imperturbabilidade" do espírito, a "calmaria" da alma, a "bonança".


Na proporção em que a filosofia deixa o campo das paixões e se cristaliza no patamar da razão torna-se um factível “Remédio da alma”, acessível a quem por meio dela fizer uso dessa faculdade. É no exercício da razão que se dá o prazer profícuo, verdadeiro e esse se constitui um bem supremo. A razão proporciona o prazer e o verdadeiro prazer tem o sentido da racionalidade.


Para Epicuro a filosofia é prática de vida, a mais auspiciosa e necessária atividade humana, via de acesso a ataraxia, e a aponia; ao bem supremo.


Ciente e praticante dessa filosofia livre das atribulações do mundo, distante das circunstâncias dos ditames sociais, superado tudo o que for ameaça a paz da alma, o filosofo tem a auto-suficiência conquistada pela liberdade do espírito.


O sábio epicurista não é eremita, mas, deve viver afastado da vida pública principalmente da política que exauri a quietude racional da alma. Livrar-se das concepções geradas pelas necessidades circunstanciais do convívio social é fundamental para o modo de vida epicurista. Essas concepções são um campo de embate onde obscuras forças se debatem sem jamais chegar a um entendimento. São forças que estão baseadas na mitologia ou na ignorância. Para o indivíduo que pretende se consagrar ao entendimento seria um escoadouro de suas energias e faculdades. Portanto a filosofia epicúrea é naturalista. Quem busca entendimento deve preparar-se para beber na fonte original da natureza, no conhecimento do cosmos e não nas representações consagradas pelos antigos poetas.


Pelo que vimos Epicuro se revela um ícone inquestionável da modernidade. Sua filosofia é o germe da nossa contemporaneidade. A direção que ela deu ao entendimento; os fundamentos e a sua prática são o prenúncio de um tempo novo que somente se desvendaria centenas de anos mais tarde no ocidente.






“É vã toda Filosofia que não cure algum mal do espírito humano.”Epicuro


JANAINA ISMENIA DE MELO.
(foto de Epicuro tirada da internet)