terça-feira, 20 de outubro de 2009

UMA VISÃO FILOSÓFICA SOBRE A MORTE.




A filosofia tem sua origem na Grécia ainda no tempo dos mitos e poesias, onde a educação era transmitida oralmente pelos rapsodos e bardos, sendo Homero (séc. VIII a.C) com a Ilíada e a Odisséia as duas grandes obras educativas dos gregos. A filosofia nasce com a passagem do mito ao lógos, onde passa a vigorar não mais a imaginação criativa, mas sim a razão, o grande rebento da filosofia. O primeiro momento da filosofia se deu acerca do estudo da phýsis, da natureza, do cosmos, sendo chamanda de cosmologia, ai se situam os primeiros filósofos, os pré-socráticos ou filósofos da natureza. È importante lembrar que neste contexto, desde Homero até os Pré-socráticos, já existia o Orfismo, uma religião dos mistérios, onde já se falava em morte, mas diferente da mitologia grega. O Orfismo foi importante nesse contexto histórico-cultural porque já mostrava a seus iniciados uma nova interpretação da existência humana, e já existe uma diferença radical entre a cultura grega homérica que via a morte como o fim de tudo da concepção órfica, que proclama a imortalidade da alma e a dualidade mente-corpo. É importante lembrar que o orfismo vai influenciar pitágoras, vários filósofos pré-socráticos como Heráclito, Empédocles, Platão e muitos filósofos na história da filosofia ocidental.



Filosofia sendo a junção de duas palavras gregas: philía (amor) e Sophia (sabedoria), ou seja, “amor ao saber”, a busca pela sabedoria, é importatne entender que ela se diferencia da ciência justamente por ser uma busca desinteressada do saber, a filosofia pretende explicar a totalidade das coisas, mas não prová-las como é o objetivo da ciência. Buscando assim a totalidade do Ser, para isso precisa descobrir qual o primeiro “Princípio”, o “por quê” das coisas. A filosofia como disse Aristóteles é um fim em si mesma, e tem como objetivo a Verdade. “ Todas as outras ciências podem ser mais necessárias do que esta, mas nenhuma será superior” (Aristóteles).


No primeiro momento o que interessa investigar e entender é o cosmos, a grande pergunta filosófica é: “por que existe o Ser e não o nada?”. Partindo daí, eles estudam a natureza, então a primeira fase da filosofia é uma COSMOLOGIA. Com Sócrates há uma virada radical desse horizonte, já se passa para um segundo momento filosófico muito importante, pois Sócrates muda o questionamento que vinha sendo feito até então, ele muda o foco de interesse, saindo do cosmos e centrando-se no homem, a filosofia deixa de ser só uma cosmologia e passa a ser também uma ANTROPOLOGIA, ou seja, não só o cosmos interessa agora, não só o que está fora, mas o que está dentro do homem, a filosofia passa a estudar o homem e suas complexidades, o homem passa a ter importância como Ser. Um terceiro momento se dá com o nascimento do Cristianismo e a filosofia medieval, onde a grande questão é a FÉ. A discussão central desse período medieval se dá em torno da possibilidade ou não de unir filosofia e teologia, duas grandes escolas são fundamentais nesse momento, a Patrística e a escolástica, além da Igreja Católica e da Reforma Protestante. O quarto momento acontece com o fim da filosofia medieval e começo da filosofia moderna, a questão central desse momento é a RAZÃO, a razão é o guia fundamental de todo o questionamento filosófico, vale lembrar Descartes, Hume, locke, Kant e grandes filósofos dessa fase.O quinto momento se inicia com Hegel e a filosofia contemporânea, tendo como questão central do questionamento filosófico a CRISE DA RAZÃO. Essa crise até hoje é a grande questão discutida entre os filósofos,incluindo os mais variados temas nessa discussão, inclusive a morte.


Com Platão nasce a Metafísica, o estudo das realidades supra-sensíveis, o que está além do físico. Com Platão e Aristóteles já se tem posto questões muito importantes e que são a base de toda a filosofia ocidental, as questões físicas, metafísicas, éticas, gnosiológicas, estéticas, lógicas e morais. Neste contexto a morte já é questionada e abordada entre os filósofos. Anaximandro vai ser o primeiro filósofo a falar de morte como expiação, e ser a semente do pensamento de Nietzsche sobre o Eterno Retorno. Heráclito com a idéia do Devir, já fala em alma, e acredita em vida após a morte por influência órfica. Pitágoras teve uma influência marcante do orfismo, mas fez modificações na sua doutrina pitagórica, onde o objetivo do Pitagorismo era levar uma vida digna para purificar e libertar a alma do corpo na morte. Para os “iniciados” no Pitagorismo, exigia-se uma vida contemplativa, a busca pela Verdade e a mais alta purificação, ou seja, a comunhão com o divino. Platão no Diálogo “Fédon”, fala sobre a Imortalidade da Alma, fala sobre a vida e a morte. Platão fala na sua filosofia que o corpo é o sepulcro da alma, só quando a alma se liberta da prisão do corpo e volta para o mundo supra-celeste é que pode conhecer a verdade. A questão da morte e da imortalidade vai ser fundamental na sua filosofia, ele aborda nos Diálogos “Mênon”, “Fédon”, “A República” (no Mito de ER – no livro X ele fala específicamente da morte, no Mito da caverna também, mas indiretamente, o Mito fala mais da descoberta do conhecimento, mas também aborda a morte) e no “Fedro”. Platão fala sobre a morte em vários diálogos, já Aristóteles, quase não fala em morte, ele fala do ato e potência, das quatro causas fundamentais, fala da Ética, da Metafísica e de muitas coisas, mas quase nada da morte.


Epicuro vai falar do prazer, da imperturbabilidade da alma, da ataraxia, e para ele não existe transcendência, não existe nada após a morte, a morte é o fim, por isso, é importante viver bem e ser feliz.


É interessante observar que especificamente sobre a morte, em filosofia pode se dividir em duas correntes: a filosofia imanente ( Aristóteles, Epicuro, Spinoza, etc) a a filosofia transcendente (pitágoras, Platão, Agostinho, Kant, etc).  Kierkegaard, Schopenhauer, Nietzsche, Heidegger, Freud, Foucault e deleuze, entre outros, mas esses todos falam em morte, de uma forma imanente ou transcendente, mas todos trabalham a questão da morte de uma maneira profunda.

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

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