segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A IMORTALIDADE DA ALMA NO FÉDON DE PLATÃO.




Platão ao longo de sua vida convivera com diversas figuras do cenário político-cultural ateniense do (século V a. C.), Dada sua origem nobre pode compartilhar em sua juventude tanto da companhia de Crítias e Cármides (dois dos Trinta Tiranos). Há relatos de que conversava com Crátilo também na juventude, recebendo deste a influência do pensamento heraclítico. Entretanto, ao se tratar de Platão a sua relação mais próxima é com o mestre Sócrates.



Sócrates foi acusado de corromper a juventude e criar novos deuses para a cidade (difundindo idéias contrárias à religião tradicional), contudo, isso não foi empecilho para Platão deixar de relatar e analisar as teorias socráticas. Em suas obras a figura central é Sócrates. A injustiça cometida ao seu mestre dá o tom de algumas de suas obras, especificamente a do período inicial de sua produção literária conhecida como período socrático.


As noções de alma e corpo, morte e imortalidade estão presentes em quase todos os pensadores que lançaram as bases da nossa civilização ocidental. Elas entraram em nosso cotidiano por causa da fusão dessa tradição com a religião cristã. Mas ao investigarmos a origem dessas noções deparamos com a elaboração conceitual iniciada por Platão em seus diálogos. É no escopo dos textos platônicos que encontramos uma depuração de algumas teses que advém das doutrinas religiosas, principalmente o Orfismo e Pitagorismo, que mescla elementos filosófico-religiosos. O pensamento órfico influencia todo o pensamento sobre a alma posterior.


Desde o antigo mundo Grego até nossos dias permanece o desafio em busca de respostas diante da questão sobre a existência ou não da finitude da alma humana e a infinitude do Universo e da alma do homem descrita no Fédon, Diálogo de Platão (escrito por volta de 335/388 a.C.), sabe-se que o diálogo se baseia em fato real: o dia da morte de Sócrates, o que nos faz vislumbrar um tom enigmático.


Platão nos leva por uma via onde o fio condutor tem suas raízes no pensamento pré-socrático, a partir da teoria dos contrários, passando por um argumento filosófico e religioso, a reminiscência, já tratada pelos Pitagóricos e Órficos até chegar a sua Teoria das Formas, em análise aos ditos de Heráclito, Parmênides e Anaxágoras. O estudo dos argumentos sobre a existência da alma racional e imortal, descrita como o estudo do caminho para o encontro com o Bem em si, ou Dialética que para Platão é a técnica da investigação conjunta, ou seja, feita por mais de um personagem, que consiste em compor e decompor idéias, conduzindo os participantes a reunir as idéias dispersas numa idéia única – a Idéia do Bem em si.


Para Platão o uso da Dialética é o que qualifica o Filósofo como sendo aquele que busca a Verdade em si. O Filósofo é aquele que exercita a Dialética; é aquele que vai a busca da Verdade que está no Uno. Do múltiplo ao Uno, sempre. No Fédon a dialética aparece muito sutilmente na busca argumentativa que passa pela teoria dos contrários, pela teoria da reminiscência, porém somente através da dialética é que se dá a transposição do abismo que separa o sensível do inteligível, ou seja, a Dialética define o jogo do logos como possibilidade de refletir o mundo das Formas. É através do exercício Dialético, de ascese para o conhecimento, que está inserida a questão da vida e da morte no Fédon.


Platão através do mundo das formas justifica a existência do mundo das coisas sensíveis. O mundo sensível, acessado pelos sentidos e o mundo inteligível, concebido mentalmente. Para Platão a alma parece freqüentar os dois mundos. Quando está num corpo, pertence ao mundo sensível. Quando sai do corpo, na morte, habita o lugar daquilo que nunca se corrompe. Possui assim uma natureza de permanência e movimento; um ser sendo o que é. Esta dupla condição será explorada no Fédon, na busca da prova da existência da alma e sua condição e similaridade com tudo aquilo que nunca se transforma, e que lhe dá uma condição de divindade, pois, assim, e em comparação, tem os mesmos predicados que teria a Forma, bem como, mesmo sendo similar à Forma que é imutável é, em si, o próprio movimento.


A Teoria das Formas é o argumento que, sempre em graus variáveis, aparece na maioria das obras de Platão e, naturalmente, no Fédon, cujo subtítulo é o Da Alma. Pois, é neste diálogo que o filósofo compara e argumenta sobre as características da Forma e a sua similaridade com a Alma de modo mais complexo.


Os argumentos acerca da natureza da alma e sua existência, demonstrados através da fala de Sócrates, num momento em que estava preste a deixar o seu corpo é conduzido de modo a esclarecer porque a alma aceita o corpo, mesmo que por um determinado tempo; visto que o corpo não é da natureza da alma, sendo esta incorruptível enquanto o corpo está sujeito à mutação e transformação. O fundamento da metafísica platônica é fortalecido através desta capacidade da alma de habitar dois mundos, o sensível e o supra-sensível, demonstrando a sustentação da Teoria das Formas ou das Idéias. A Teoria das Formas demonstra conceitualmente o mundo inteligível, e faz deste a razão de ser do que é sensível. A alma representa, na teoria, o problema que se resume: sendo a alma eterna e racional é, igualmente, prova maior de um processo, pois é o próprio movimento.


A Teoria dos Opostos, ou seja, Teoria dos Contrários Excludentes pode ser considerada como o primeiro argumento no caminho da prova de que a alma é anterior a vida humana e que possui o dom da imortalidade, sobrevivendo a destruição do corpo. A este argumento segue-se o argumento da reminiscência, ou anamnesis, por fim vem o terceiro argumento que é o da semelhança entre a Alma e as Idéias. Este argumento visa provar que a Alma não só preexiste ao corpo (tese que Sócrates conseguiu fazer vingar com o 2º argumento), mas também sobrevive a este depois da sua morte, já que os seus interlocutores: Símias e Cebes, levantaram dúvidas quanto a esta questão, afirmando que a Alma dissipar-se-ia, provavelmente, depois da morte do corpo. Sócrates começa por perguntar quais são as coisas passíveis de se dissiparem, e quais aquelas em que nós tememos que isso acontecesse, sempre, obviamente, com o objetivo de provar que a Alma não se dissipa.


O Filósofo prossegue depois a dividir os seres em duas classes: os compostos, que tem mais probabilidade em dissiparem-se nas substâncias que os compõem, e que são mutáveis; e os simples, que sendo compostos por apenas um elemento, são menos susceptíveis de se dissolverem, já que estão reduzidos à sua natureza mais simples, estando isentos de sofrer tal processo, e que são imutáveis, portanto, Sócrates tendo conseguido a concordância dos seus pares neste assunto, avança para classificar a “realidade em si” ou seja, o mundo das Formas/Idéias, chegando à conclusão que este é imutável e “Idêntico em si”, já que, como se provou no 2º argumento (da anamnesis), as Idéias de Igual, Belo, são universais (no plano racional, não no sensível).


Portanto, se o mundo das Idéias é imutável, a sua natureza é simples, donde podemos deduzir que: os seres simples, não só são imutáveis, impassíveis de se decomporem, mas também são invisíveis, já que as Idéias não se vêem, recordam-se, e também perfeitos, porque as Idéias o são e estas são seres simples (não se decompõem e são invisíveis). Provado também este ponto, Sócrates prossegue para concluir que tudo aquilo que é sensível é imperfeito, logo composto, já que é passível de mudança e de transformação.


O argumento sobre as causas da geração e corrupção, que entendemos está dividido em duas vias argumentativas: a que trata da questão da participação e a que trata, em maior profundidade, da própria teoria das Formas.


Provar a existência de uma alma imortal, não prova a racionalidade da alma, ou seja, se esta alma imortal é individual, diz apenas que a morte substitui a vida e, a vida substitui a morte. Platão tenta provar no diálogo, que a alma seria um ser imortal, detentor de inteligência e movimento e esta afirmação: ser a alma imortal, é que dá a Sócrates no Fédon conforto no momento da morte, pois, lhe é acenado pelo logos, a possibilidade de uma existência bem aventurada no pós-vida. Entretanto, esta disponibilidade será apenas para a alma que, até o fim do tempo do corpo, foi pura e temperante e que persistiu no caminho da Virtude e da Bondade, o que para Sócrates, é a prática da filosofia. A alma que buscou a contemplação da Virtude em si. Este argumento vem após uma narrativa introdutória que levou o leitor ao cárcere onde está Sócrates e abre uma série de questões envolvendo a perspectiva da morte e as conseqüências do pós-morte.


No Fédon, Platão através de Sócrates tece argumentos em um debate cujo objetivo é levar os ouvintes a aceitar como possível o argumento que afirma ser a alma um ente imortal e que a mesma permanece racional após a extinção da dualidade corpo e alma. Sócrates, entretanto realça a Teoria dos Contrários levando a evidência que os opostos (vida/morte) são excludentes, visto que a morte é antagônica à vida. O processo que vai do nascer ao morrer, tem dois limites distintos: a vida, que vem da morte, e a morte que vem da vida. Entre esses dois momentos distintos (vida/morte) existe uma etapa (viver), onde um ser perfeito e eterno (a alma) partilha existência com um ente corruptível e fadado à destruição (o corpo). Sócrates argumenta que o dever do Filósofo é refletir a respeito da (morte/vida) como momentos antagônicos e excludentes e, feitas as comparações, obter como resultado a prova (primeira) da imortalidade da alma, uma realidade que antecede, transcende e perpassa o viver.


Para Platão o argumento dos contrários excludentes passa por uma investigação das oposições que ocorrem no mundo sensível mostrando as divergências encontradas entre este mundo, das sensações, e o mundo inteligível, concluindo que dos seres vivos procedem aos mortos e dos mortos procedem aos vivos. A Forma precede e prevalece ao objeto ou a cópia.


Platão desenvolve uma teoria da imortalidade da Alma tendo como alicerce uma comprovação fática: em um mesmo ser não se podem reunir predicados contrários e é de um contrário que vem o seu contrário, o Belo vem do Feio, o justo vem do Injusto, a Vida vem da Morte, etc. A Alma é que, como Forma, tem a eternidade entre os seus predicados. Assim, a Forma Vida sempre será antagônica a Forma Morte, como o Ser e o Não Ser são antagônicos.


O argumento dos contrários excludentes vem demonstrar um estado de alternância no que observamos com os nossos sentidos ou aceitamos com a nossa razão. A força do conjunto dos argumentos no Fédon é que sustenta a questão de ser a alma imortal, e que esta antecede e precede o corpo, não sendo destruída com este, nem tampouco apenas nasce nova a cada encarnação, mas persiste por todo o tempo, como entidade personalíssima e individual.


A prova dos opostos está, no diálogo, conjugada à prova da reminiscência, como parte indissociável, donde a alma é imortal e tem em si o logos, o que será lembrado por Sócrates. Deste modo, o que Platão almeja com o argumento dos contrários, na ordem posta no Fédon, é preparar o leitor para o entendimento do mundo das Formas, o que para ele, representa a Realidade em si, a Verdade em si, o Bem em si, e Conhecimento em si, aquilo enfim, que a alma contempla e se lembra, provando a sua permanência e individualidade. O antagonismo alma/corpo ou vida/morte é a parte visível, a olho humano, desta relação Forma/Simulacro, sendo este último o ente sujeito à corrupção.


O argumento dos contrários excludentes vem apenas provar um processo de vir a ser do corpo, como muitos argumentos emprestados por Pitágoras, Parmênides, Heráclito acrescendo a questão da permanência da alma como recebedora da Forma da Vida, que tem em si a imortalidade, e, portanto, não é suficiente para comprovar a permanência de uma alma racional sozinha. Por este motivo o Filósofo fará das lembranças mais um argumento da prova da imortalidade da alma. Para Platão, o conhecimento não é fruto da aquisição, mas um exercício de recordação. Uma recordação privativa da alma racional. A teoria da reminiscência se junta com outros argumentos a fim de provar se a alma é de fato imortal e personalíssima. Aprender seria para Platão um relembrar, e, a luta pelo relembrar é a obrigação do Filósofo, que é aquele que reconhece, quando confrontado, o que não foi plenamente esquecido e sabe que o seu destino, e obrigação, é percorrer os caminhos que levam ao Conhecimento em si, sendo, pois, sujeito inevitável de um processo chamado relembrar. Desse modo, este seria o primeiro passo para aceitar a teoria da anamnesis, ou da reminiscência, como argumento válido para a comprovação da imortalidade da alma, ou seja, a aceitação de que não existe, para o homem, o conhecimento. O conhecimento que ultrapassa a morte, e somente a alma, ser imortal, pode ter acesso, e que só poderá está acessível ao homem, através das lembranças deixadas no fundo da alma, sendo desveladas como segredos esquecidos, através da reminiscência de forma a encaminhá-lo ao encontro do Bem em Si.


Em resumo, antes de nascermos, temos o conhecimento pleno porque, quando Forma, participamos do mundo das Idéias e das Formas perfeitas. Porém, ao nascer, esquecemos, recebemos uma cópia imperfeita (o corpo), que apenas vê sob a força e auxílio de órgãos sensíveis, cópias imperfeitas. A razão, por outro lado é o caminho que nos permite tentar visualizar o mundo dos entes inteligíveis, esta visualização se faz pela recordação daquilo que foi visto pela alma, a nossa parte incorruptível e indestrutível. E, por fim, a obrigação do Filósofo, é tentar voltar a lembrar, tentar ver: o Igual em si, o Belo em si e a Realidade em si.


A morte de Sócrates estaria vinculada à noção de participação do Bem, pois, como ele mesmo afirma, é a noção do bem, que traz na alma, que o impede de fugir e o faz submeter-se às leis da cidade, mesmo que isto signifique a sua morte, pois este é o destino dos filósofos, perseguirem sem tréguas o Bem em si, encontrando virtude no cumprir a norma da Polis, mesmo que esta lhe pareça injusta.


Todos os processos de devir comportam reciprocidade na geração de contrários. Logo, o devir é uma alternância cíclica de opostos. Por exemplo, ao aquecimento o arrefecimento, ao aumento a diminuição, etc...Estabelecendo estas duas premissas o devir como uma alternância cíclica entre contrários, é forçoso verificar que também a morte nasce da vida e a vida nasce da morte, e a sucessão destes estados (vida-morte, morte-vida) exige, como sua condição que as almas persistam algures para voltarem a reencarnar, pois, se “estar morto” e “estar vivo” são contrários, também aqui existe devir.


Assim, se é certo que o que vem do estar vivo é o estar morto, é necessário que do estar morto venha o estar vivo. Logo e para complementar o processo do devir, conclui-se que morrer tem como seu oposto reviver, e vice-versa. Morrer é, portanto, passar do estado estar vivo para o estar morto, assim como reviver é passar do estado estar morto para o estar vivo. Existe, pois, um ciclo de nascimento, morte e renascimento. Mas, para que este ciclo exista, é necessário que, durante aquilo a que chamamos morte, a Alma esteja algures e, portanto, possua, neste período, uma existência separada, donde precisamente voltam para renascer. A morte é um estado provisório, passageiro, da existência da Alma – do morrer, renascer.


Sócrates: Ter uma alma desligada e posta à parte do corpo, não é esse o sentido exato da palavra morte?


Símias: É exatamente esse o sentido.


Sócrates: e os que mais desejam essa separação, os únicos que a desejam não são por acaso aqueles que no bom sentido do termo se dedicam à filosofia? O exercício próprio dos filósofos é precisamente libertar a alma e afastá-la do corpo. (Fedon, 67d).

foto tirada da Internet.

BIOSSINTESE!!!

BIOSSÍNTESE



www.biosynthesis.org


A Biossíntese é uma Psicologia Pré e Perinatal, uma Psicoterapia Somática e Psicodinâmica, uma Terapia Somática e Psicologia Transpessoal.

"A Biossíntese, como uma terapia do futuro, trabalha com o princípio do desdobramento do potencial latente, no qual os recursos da pessoa são fortalecidos e os problemas tornam-se menores. Há 30 anos a Biossíntese desenvolve um modelo de integração do corpo, mente e espírito. Pesquisas científicas em Neurobiologia, em Psico-neuro-imunologia e em Medicina Energética agora apóiam essa integração de diferentes formas. A cura (healing) em Biossíntese se torna uma ponte vital entre a essência e a existência, alma e soma, grounding interno e externo."  David Boadella e Silvia Specht Boadella

A Biossíntese foi elaborada pelo psicoterapeuta inglês David Boadella durante os últimos 30 anos a partir de raízes somáticas, psicodinâmicas e bioespirituais, começando com a vegetoterapia de Wilhelm Reich. A Psicoterapia Corporal vinculada a Reich estava se reduzindo a manipulações musculares mecanicistas, completamente contrárias à valorização dada por Reich ao contato humano na relação terapêutica. A palavra Biossíntese significa integração da vida e se refere a processos específicos de auto-formação que orientam o crescimento orgânico e o desenvolvimento pessoal e espiritual.

O conceito central da Biossíntese é a existência de três correntes energéticas fundamentais no corpo associadas às três camadas de células germinativas no embrião (ectoderma, mesoderma e endoderma), a partir das quais se formam os diferentes órgãos. Estas correntes energéticas se expressam:

• como fluxos de movimento através dos músculos;

• como fluxos de percepções, pensamentos e imagens através do sistema nervoso; e

• como fluxos da vida emocional no centro do corpo, através do sistema vegetativo.

Em um estado saudável ou maduro, todo este processo acontece de forma harmoniosa. Tensões e traumas vividos na vida intra-uterina e extra-uterina impedem a integração destas três correntes e o seu livre fluxo, provocando a emergência do distúrbio.

Em Biossíntese, quando trabalhamos com o corpo, utilizamos como base esses princípios da embriologia funcional, integrando e coordenando padrões de respiração, tônus muscular e de expressão emocional, conectando assim três áreas fundamentais da nossa qualidade humana: nossa existência somática, nossa experiência psicológica e nossa essência fundamental.

A Biossintese se baseia no crescimento orgânico, trabalhando com movimentos como formas ondulantes da respiração para liberar intencionalidades bloqueadas e estimular novas corporificações da psiquê, as quais denominamos posturas da alma.

A Biossintese dá ênfase às qualidades presentes no cliente, assim como à função da ressonância, da presença orgânica e do encontro terapêutico. O princípio bioespiritual da Biossíntese enfatiza o aspecto da compaixão pelo outro, fundamentada num contato claro, baseado nas qualidades essenciais da existência diária.

A Biossíntese é uma terapia de processo que aceita a maneira única do indivíduo e o espectro de vários caminhos de evolução, reconhecendo a multi-dimensionalidade do ser humano.

A Biossíntese, além de ser uma escola de psicoterapia somática, é uma forma de auto-desenvolvimento e auto-regulação baseada no processo formativo. Pode ser usada com a população em geral no sentido da prevenção de neurose: escolas, grupos de pais, grupos de mulheres, grupo de gestantes, grupos de 3ª idade, relação mãe-bebê nos primeiros momentos de vida, trabalho institucional, treinamento em empresas, etc. Como forma de psicoterapia, tem sido utilizada com pacientes neuróticos, psicossomáticos e borderlines. Trabalhamos tanto em forma individual como grupal, conforme a necessidade interna do cliente.

A Biossíntese é reconhecida pelo European Wide Committee da European Association of Psychotherapy (EAP) como uma modalidade científica de psicoterapia. Uma discussão sobre a validação das metodologias das psicoterapias na Europa está apresentada neste site, no artigo de David Boadella: Psicoterapia, Ciência e Níveis do Discurso. E ainda sobre a validação científica da Psicoterapia Corporal, ver o artigo "The European Asssociation for Body Psychotherapy (EABP)'s Answers to The European Association for Psychotherapy (EAP)'s Questions about the Scientific Vality of Body Psychotherapy".

O significado deste reconhecimento é de grande importância. Isto significa que o método da Biossíntese é aprovado por todas as associações profissionais de psicoterapia pertencentes à EAP em 36 países e também em todas as Organizações Européias pertencentes à EAP nas outras formas de psicoterapias (Gestalt, Análise Transacional, etc.).

"No dia 24 de Outubro de 1998, no Club Fondation Universitaire, em Bruxelas, baseado na Declaração de Strasbourg em Psicoterapia (1990), e conforme os objetivos da Organização Mundial de Saúde e com o apoio e incentivo da União Européia em sua política para altos padrões e qualidades profissionais, a Biossíntese, juntamente com seis outras direções em Psicoterapia, foi aceita unanimemente como uma modalidade de treinamento cienticamente válida pelo European Wide Committee da Associação Européia de Psicoterapia (European Association of Psychotherapy). E por 27 votos em 34 no European Training Standarts Commitee e por 31 votos em 34 no Executive Board of the Association.

Este credenciamento é a culminação de um processo de dois anos de intensivas consultas em Viena, Roma, Amsterdam, Londres, Paris e Bruxelas, baseado na apresentação de dossiês com evidências substanciais em 15 critérios de validação científica criados pelo Scientific Validation Working Party of the European Association e estabelecidos antes do primeiro congresso do World Council for Psychotherapy, Viena, Julho de 1996.

Outras modalidades de psicoterapias que também foram aceitas nesta primeira leva de aplicações para o credenciamento junto a EAP são: Análise Transacional, Psicoterapia Gestalt, Terapia Familiar, Psicoterapia Integrativa, Psicoterapia Comunicativa e Psicoterapia Positiva ".

David Boadella é o fundador e diretor do International Foundation for Biosynthesis -IFB (Heiden, Suiça), é fundador e foi presidente da Associação Européia de Psicoterapia Corporal durante muitos anos e é fundador e diretor da Revista “Energy and Character”. Autor de muitos livros em Psicoterapia Corporal. Nos anos 80 levou a Biossíntese a mais de 20 países. Atualmente é Chairman da Comissão de Validação Científica da Associação Européia de Psicoterapia, e vem buscando a validação científica da Psicoterapia Corporal e, em particular, da Biossíntese na Suíça e na Europa.



""O contrato do terapeuta é tentar encontrar o lugar mais seguro da pessoa para fazer o primeiro contato. "

David Boadella

"Todo o trabalho para proporcionar "firmeza" ao corpo através do trabalho postural nas situações de estresse, com liberação catártica de emoções bloqueadas, tem o seu valor. Mas dessa forma, trabalha-se a firmeza externa. Precisamos aprofundar e enriquecer esse processo, prestando atenção à maneira como a pessoa constrói o seu espaço ou organiza o seu tempo, que percepção ela tem de sua capacidade de se formar através de uma participação mais intensa em seu próprio processo.

Precisamos ajudá-la a encontrar a sua "firmeza" interior, a sua essência, a fonte de onde brota a energia curativa, que tem o poder de integrá-la novamente, não importa quanto ela esteja condicionada a não se sentir viva."

David Boadella




Livros


Boadella, D. - Correntes da Vida - Uma introdução à Biossíntese, Ed. Summus, 1992


Boadella, D. - Nos Caminhos de Reich, Ed. Summus, 1985.


Boadella, D. - Jesus, the Heretic, Sloane and Partner, England.


Boadella, D. - Between Coma and Convulsion, Sloane and Partner, England.


Coleção de artigos:


Boadella, D. - Embriologia e Terapia (tradução interna )


Boadella, David, Transferência, Interferência e Ressonância, Cadernos de Biodinâmica 3, Editora Summus, 1985.


Boadella, David, inúmeros artigos desde 1970, Energy and Character, The International Journal of Biosynthesis, pedidos à Escola de Biossíntese do Rio de Janeiro ou ao International Institute for Biosynthesis.


Boadella, David, Common Ground and Different Approaches in Psychotherapy. Biosynthesis: A Somatic Psychotherapy, Editor Escola de Biossíntese do Rio de Janeiro, 1998 (em www.biossintese.psc.br/artigos.htm) .


Frankel, Esther, Afetos da Vida Uterina, Energia e Cura, Editora Vozes, Vol 84, Outubro, 1990 (em www.biossintese.psc.br/artigos.htm).


Frankel, Esther e Corrêa, Milton, Da Ciência da Informação à Psicoterapia Corporal, Energia e Caráter 1, Editora Summus, 1997.


Frankel, Esther e Corrêa, Milton, A Cognitive Approach to Body Psychotherapy, Energy and Character,Vol 30,1, September, 1999 (em www.biossintese.psc.br/artigos.htm).


Corrêa, Milton e Frankel, Esther, Escultura da Biossíntese. Dimensões da Vida, em www.biossintese.psc.br/artigos.htm

Texto tirado da Internet.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

SAUDADE




Saudade é uma ausência presente que dói, que mexe com tudo por dentro da gente, tirando tudo do lugar. Saudade de quem se ama é uma dor que dói pelo avesso, saudade do cheiro, do gosto, da pele, dos passeios de bocas e mãos, dos olhares cúmplices, dos sorrisos cheios de códigos secretos para o mundo e claríssimo somente para os dois. Mesmo sem estarem juntos fisicamente, mas sabiam-se unidos, sentiam-se ligados, sabiam que estariam juntos por horas e dias. A dor da falta é um abismo em redemoinho, que nos puxa para baixo, para o fundo, para a dor, para a falta. Quando há a separação, sempre o que continua a amar, continua a pensar, a querer, a desejar, se perde em devaneios de saudade, de perguntas, quer sempre saber do outro, quer engolir as lágrimas que teimam em cair lembrado de momentos inesquecíveis, de palavras ditas que o tempo nunca vai apagar, de olhares que marcaram o coração, de abraços que ficaram marcados na pele e na alma. O amor é um sentimento profundo, que transcende o físico e alcança o que há de mais metafísico no SER. A saudade é algo difícil de definir, mas que sempre nos lembra a quem amamos, que impede que esqueçamos e que sempre traz lágrimas aos olhos e dor ao coração. Saudade é uma dor pelo avesso.



JANAINA ISMENIA DE MELO.
(FOTO TIRADA DA INTERNET)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A MÁ-FÉ E A LIBERDADE NA PSICANÁLISE EXISTENCIAL DE SARTRE.

Em seu livro O Ser e o Nada, J.P. Sartre contesta claramente o conceito freudiano de inconsciente. Ele rejeita a idéia de inconsciente por retirar do indivíduo a responsabilidade de suas escolhas, tudo está no consciente e tudo, como veremos, é escolha de cada indivíduo, não há determinismo ou acaso, só há a radicalidade da liberdade. Tudo é de inteira responsabilidade de cada ser, e não da ordem de uma instância desconhecida na mente chamada “inconsciente”. Neste caso, ele se apóia nas noções de má-fé e liberdade, e funda uma psicanálise existencial. Como a má-fé e a liberdade podem negar o inconsciente? Qual a base de sustentação teórica a partir da qual Sartre com as idéias de má-fé e liberdade pode negar o inconsciente?

O estatuto ontológico da psicanálise existencial é determinado pela
conceituação sartreana da consciência, da liberdade, e da negação da existência do inconsciente. A má-fé é a alternativa teórica criada por Sartre para criticar o inconsciente freudiano, permitindo salvar a liberdade humana e a conseqüente responsabilidade que ela traz em si, que seria seriamente comprometida se o homem fosse determinado pelo inconsciente.
Para Sartre o que tem importância não é a causa, mas o sentido que cada escolha vai acarretar no projeto pessoal, o que cada indivíduo escolhe ser. Ele sustenta que tudo que há na consciência é necessariamente transparente para si mesma. Sem seu objeto, a consciência é um nada, um não-ser, pois que somente existe na relação de si mesma com o "ser em si". Ela procura o "ser em si" para fundar a si mesma, o que significa que ela destrói o "ser em si", transformando-o no seu próprio nada. "O ser e o nada", título de seu livro, refere-se a esses dois tipos de ser: o "ser em si" (fenômeno) e o "ser para si" (consciência).
Todos os aspectos da vida mental são intencionais, conscientemente escolhidos e de responsabilidade de cada ser, o que é incompatível com o determinismo psíquico postulado por Freud. Ao invés de falar de inconsciente, ele fala do “projeto original” de cada Ser.






“A psicanálise empírica procura determinar o complexo, cuja própria designação indica a polivalência de todas as significações conexas. A psicanálise existencial trata de determinar a escolha original.” 1






A “escolha original” não concerne às relações com objetos em particulares no mundo, mas sim a meu ser-no-mundo em totalidade. Não há uma essência acabada de mim mesmo que orienta a priori meu comportamento. Sendo cada pessoa essencialmente uma unidade, e não um complexo de hábitos e desejos desordenados e sem relação entre si, tem que haver para cada indivíduo a “escolha original”, o qual confere significado e validade ao seu comportamento. Para Sartre, cada momento requer a sua escolha, é o que escolhemos a cada momento que determina a existência individual, e, não o passado ou conteúdos inconscientes que não temos acesso. Sartre diz:






“O princípio dessa psicanálise consiste na assertiva de que o homem é uma totalidade e não uma coleção; em conseqüência, ele se exprime inteiro na mais insignificante e mais superficial das condutas – em outras palavras: não há um só gesto, um só tique, um único gesto humano que não seja revelador.” 2






Segundo ele, quando Freud coloca a questão do inconsciente, ele está negando radicalmente a liberdade de livre escolha do homem, ele tira a responsabilidade do homem para colocá-la em um terreno desconhecido do inconsciente, onde o homem não tem livre acesso. Nesse sentido, a Psicanálise empírica não dá conta da questão da má-fé, posto que má-fé é consciência da consciência, é esse movimento entre transcendência e facticidade deixando de ser para-si (consciência) para transformar-se em em-si (coisa). Mas como se dá esse movimento?
A Má-Fé nega que a existência precede e condiciona a essência, transformando o para-si, no em-si. O para-si sendo um vazio constitui-se como um nada à procura do ser, nessa procura perde a característica de ser livre tornando-se já pré-determinado. No “Ser e o Nada” nosso filósofo aprofunda a reflexão sobre a consciência humana como um Nada em oposição ao Ser. Somos inteiramente responsáveis por nossos atos. Se toda ação é, por princípio intencional, A má-fé é mentir para si mesmo, ou seja, enganador e enganado numa única consciência, fingir é estar de má-fé. Ela tem um lugar de destaque na elaboração filosófica sartreana, como um dos argumentos que nega o inconsciente, visto que a má-fé junto com a censura e a liberdade tratam de afirmar a importância da consciência no projeto original de cada ser. A tentativa de fugir da angústia fingindo que não somos livres e nos auto-iludindo de que nossas atitudes e ações são determinadas pelas circunstâncias externas é uma atitude de má-fé.
O existencialismo sartriano traduz na angústia e no desespero, a dramaticidade de uma civilização em profunda crise, que perdeu o sentido da transcendência e abismou-se na gratuidade de sua própria finitude.
A psicanálise empírica fracassa na compreensão da má-fé, segundo Sartre, pelo fenômeno da resistência e da censura. No andamento de uma análise psicanalítica freudiana, é freqüente ocorrer por parte do analisando uma resistência muito forte ao passo que o psicanalista se aproxima do núcleo do problema psíquico, às vezes até desviando a análise de seu curso ou interrompendo-a.
A teoria freudiana postula uma instância intermediária entre consciente e inconsciente: a censura. E Sartre questiona a existência do inconsciente perguntando: como o analisando pode oferecer resistência à análise psicanalítica quando se aproxima o núcleo de seus problemas psíquicos e da causa das suas neuroses, se seria segundo Freud, inconsciente?
É pela censura que o analisando se dá conta daquilo que disfarça por detrás de todas as manifestações de suas neuroses. É a censura que distingue o que será reprimido e o que pode ficar consciente, para isso ela tem que saber o que deve ser reprimido, em algum nível estou consciente e escolho o que pode ou não vir à tona na minha consciência, mesmo que eu não admita para mim mesmo, estou consciente e escolhendo, por isso, o inconsciente não serve de álibi para o comportamento do indivíduo, portanto, o inconsciente não é verdadeiramente inconsciente, segundo Sartre.
No entender de Sartre, estamos "condenados à liberdade", isto significa que não se pode encontrar para a minha liberdade outros limites além da própria liberdade. Não há nenhum Deus e portanto não há qualquer plano divino que determine o que deve acontecer, não há nenhum determinismo. O homem é livre. Para Sartre toda ação é intencional, sendo a consciência pura liberdade. Nada o força a fazer o que faz. O homem não pode desculpar sua ação dizendo que está forçado por circunstâncias externas ou movido pela paixão que o força a fazer o que faz. Resta como o único valor para o existencialismo ateu a liberdade.
Aos olhos de Sartre, quando o homem nega a liberdade, está tendo uma atitude covarde, ou seja, é uma forma de fugir da angústia da escolha, é mais fácil iludir-se com a segurança de uma essência acabada. Exatamente por ser livre e consciente, o homem tem o poder e a responsabilidade de construir a sua existência e essência, e, por não ter uma essência pronta, uma vida pré-definida, com tudo harmoniosamente bem elaborado, já que a existência precede e condiciona a essência, em Sartre, o homem tem medo de optar, e, por medo dessa possibilidade, ele a renega.



“A liberdade é fundamento de todas as essências, posto que o homem desvela as essências intramundanas ao transcender o mundo rumo às possibilidades próprias.” 3




Sartre sustenta que a estrutura ontológica do projeto fundamental deve ser atingida através de uma Psicanálise Existencial, diferente da teoria de Freud sobretudo porque a sua justificação última consiste em reconhecer a existência, não de uma força instintiva que atua mecanicamente, mas sim de uma escolha livre. A psicanálise existencial deve interrogar a consciência na sua manifestação originária.






“A psicanálise existencial esboçada por Sartre pretende, antes de mais nada, dar um novo fundamento à especificidade dos fenômenos psíquicos e recupera a consciência como livre escolha e livre projeção. Rejeita a pretensão de considerar as pulsões e os complexos como outros tantos em-si [mundo] existentes em números finito dentre os quais se poderiam indicar de um modo universal e necessário os mais importantes [a sexualidade, o poder, a morte, etc.]”4






Para a Psicanálise existencial o homem é desejo de ser. Mas, qual ser? Do ser-em-si, do ser objetivo de fato, a consciência busca um ideal de pura consciência de si mesma, o fundamento do ser-em-si. Pois o ser-para-si é o ser da consciência, um puro nada. O para-si é a liberdade, a autonomia de escolha, e Sartre leva essa autonomia às últimas conseqüências.
A crítica sartreana à psicanálise empírica é certamente uma crítica situada e datada. Situa-se no contexto da recepção tardia da psicanálise no mundo cultural francês, marcado naquele período pela Fenomenologia, que vai mostrar a importância da consciência, retirando qualquer via de acesso inconsciente dos nossos atos, e uma forte resistência à teorização psicanalítica (metapsicologia). A problemática, no entanto, subjacente a essas críticas continua de uma surpreendente atualidade: o confronto e conflito entre a liberdade humana e os vários ‘determinismos’ com os quais se defronta o inconsciente, a consciência e os seus ‘descentramentos’ operados pela psicanálise. Sartre dentro do contexto histórico de sua época está ligado diretamente ao marxismo, à Fenomenologia a ao Existencialismo, e é por esse caminho filosófico que ele lança as bases teóricas da sua psicanálise existencial.



1- Sartre,Jean-Paul, O Ser e o Nada – Ensaio de uma Ontologia Fenomenológica. Tradução de Paulo Perdigão, - Petrópolis, Rj : Vozes, 1997. p. 697.


2- Op.cit., p. 696.


3- Op.cit., p. 542.


4- Princípios – Revista de Filosofia. Vol.10 n.13-14 jan./dez. 2003. Sartre e a Psicanálise Existencial. Cléa Góis. P.210.




Janaina Ismenia de Melo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

CONTRÁRIOS E CONTRASTES!!!



Fecho os olhos e penso em ti, e te trago em mim... o que pode o pensamento...



Não existe distância para o amor, não existe distância para o nosso amor


Moras em meu Ser, fizestes morada em minha alma, meus olhos são teus para mergulhares neles e escreveres a poesia que encontrares neles


São um oceano, para banha-te de amor e poesia


Sou um Ser que traz em si contrários e contrastes, reflexões e poesias, dor e felicidade, e permito que você meu amado se misture em mim, mesclando tudo em mim e sendo comigo, todas as possibilidades de amor e realidades múltiplas, ricas, plenas, que a cada segundo vai se gestando e nascendo, tocando realidades e transformando tudo o que toca com o toque mágico do amor e da delicadeza.


Sou em Ti!!!! Tu és em mim!!! Somos UM!!!


Janaina Ismênia de Melo
(FOTO TIRADA DA INTERNET).

BANQUETE!!!




Banquete de beijos e de sonhos
Banquete de tua presença em minha vida
Banquete que começa com o olhar e continua no beijo
Banquete de palavras e silêncios
Banquete de sentimentos
Banquete de amor

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

SORRISO DE SOL!!!!





Antes eu não tinha essa felicidade no olhar
nem esse sorisso de sol
nem essa plenitude
não tinha você plenamente no meu coração
agora estou plena de você
hoje com você sendo eu em mim
não me contenho de felicidade
hoje sou plenitude e felicidade
você me faz uma mulher plenificada de amor por ti
por isso resplandeço sol
para brilhar para você
e iluminar sua vida
aquecer seu coração
e te fazer feliz
és o amor em meu coração
lindo alvorecer das emoções
sentimento que me une a ti num único ser
onde não há espaço para dúvidas
somente plena certeza de te amar
na delicadeza que compõe nossa sinfonia do mar!!!!

Janaina Ismenia de Melo.
(foto tirada da internet)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

AS CONTRIBUIÇÕES DE REICH PARA A PSICOTERAPIA CORPORAL.




                                                                                          














                             

  “O Amor, o trabalho e o conhecimento são

                                                                                                             as fontes da nossa vida. Deveriam

                                                                                                                                 também governá-la.”

                                                                                                                                          Wilhelm Reich





Este trabalho tem como objetivo um estudo sobre a teoria reichiana e sua importância para a psicoterapia corporal. Entender a importância crucial do corpo na relação terapêutica e na relação do paciente consigo mesmo. Entender o corpo como expressão do Ser, como expressão da emoção. Nosso corpo somos nós, é nossa realidade perceptível, por isso, é fundamental ter consciência do corpo e suas necessidades e desejos. Entender a importância do corpo na história do sujeito para poder enquanto terapeuta fazer intervenções acertadas e significativas. Na psicoterapia, com cada cliente no setting, enquanto terapeutas, pensamos: o que se partiu? O que se perdeu? Como este cliente se desintegrou? Nosso papel enquanto terapeutas é construir pontes para nossos clientes para seu processo de ressignificação. Todo cliente que chega com sua dor traz o que o fragmentou, o que o distanciou da sua essência. A couraça aprisiona e encobre a essência. Essência é o âmago do ser, onde brota a força do ser. Trabalhamos com a respiração, movimento e linguagem, as formas que a biossíntese tem de abrir caminho para o cliente poder entrar em contato com sua essência novamente. A flexibilização das couraças é fundamental para entrar na segunda camada que Reich fala (dor, raiva, medo...), para poder chegar à terceira camada que é a essência, onde existe a cura, o amor, a espontaneidade. Para Reich, a história do sujeito está na couraça, no corpo, daí ele sistematizar todo um estudo das couraças e de como trabalhá-las, e a partir dele, várias correntes corporais se originaram dentro da psicoterapia.


Reich foi um médico e cientista brilhante, que ousou mergulhar fundo nas pesquisas da sexualidade humana, que ampliou seus estudos e leituras em vários campos do saber, como a sociologia, política, filosofia, biologia, literatura. Teve uma profunda influência da filosofia e do Materialismo Dialético, das questões existenciais que são do campo filosófico, leu vários filósofos, em especial Henri Bergson e Marx. Questões Fundamentais que Bergson trabalhava filosoficamente vão interessar Reich, como a questão da intuição, do tempo, da memória, do real e do possível. A ciência da vida, a medicina, a psicologia, incluindo ai a questão da linguagem e o processo de subjetivação vão interessar muito a Bergson. A filosofia bergsoniana vai de encontro ao positivismo e ao racionalismo do século XIX, ele vai trabalhar com a metafísica do Devir, da mudança, ou seja, o que é vida? O que constitui a essência mesma da vida? A questão da potência é muito importante para ele, e para Nietzsche, que vão influenciar de uma forma profunda o pensamento de Reich, que sempre se inquietou com essa pergunta: o que é a vida?


Reich desenvolveu um método de análise do caráter, método este que via o caráter como uma proteção defensiva contra as ameaças às necessidades primárias. Este caráter toma forma no corpo nas tensões musculares (couraças). A sacada de Reich é que ele não ficou preso na linguagem, como Freud, ele foi para o corpo e o que o corpo dizia sem palavras, mas estava materializado em tensões e dores, ou seja, domínios da psique que muitas vezes a linguagem não consegue exprimir nem alcançar, pois são do domínio do simbólico e do corporal. Para Reich os distúrbios têm a ver com a questão: o que eu sou? Para ele, a neurose não é só a expressão de um distúrbio psíquico, mas, em um sentido mais profundo, um distúrbio crônico do equilíbrio vegetativo e da mobilidade natural que limita o viver pleno. É muito importante o sujeito se conhecer a partir do seu corpo, neste sentido, a rigidez gera uma imobilidade na vida. Reich entende que o caráter aprisiona a carga emocional do conflito original. A formação do caráter tem fatores determinantes, a saber, a fase na qual o impulso é frustrado; a freqüência e a intensidade da frustração; os impulsos contra os quais as frustrações são diretamente dirigida (a história, o que aconteceu no corpo, como o corpo traz a história); a correlação entre indulgência e frustração; o sexo da pessoa diretamente responsável pela frustração. Estas questões são fundamentais na formação do caráter do sujeito e na construção teórica reichiana.


Reich trabalhou com Freud na década de 1920, e manteve vivo o trabalho inicial de Freud e Breuer, que enfocava a economia de energia da neurose e a liberação expressiva da emoção. Ele desenvolveu seu método de Análise do Caráter em Viena e Berlim, este método via o caráter como uma proteção defensiva contra as ameaças às necessidades primárias. Alguns anos mais tarde, ele desenvolveu a Vegetoterapia, o qual trabalha diretamente com as raízes somáticas da resistência caracteriológica, sob a forma de um sistema de tensão muscular que ele denominou de couraça. A neurose estava fisiologicamente ancorada nestas tensões e em distúrbios associados do ritmo respiratório. Ele tem uma importância fundamental na psicoterapia corporal. Ele fez suas pesquisas sobre a sexualidade e a teoria do orgasmo entre 1921 e 1924. Antecipou e estabeleceu a base para todas as contribuições subseqüentes, incluindo a teoria da análise do caráter. Ele partiu da teoria da libido de Freud para formular sua teoria do orgasmo. De 1926 a 1934 ele trabalhou com a Teoria da Análise do caráter: Liberação da Energia Psíquica e da blindagem (couraça) do caráter. Em 1935 cria a Vegetoterapia caracterioanalitica: Liberação da energia psíquica, da blindagem (couraça) do caráter, da blindagem muscular e estabelecimento da potência orgástica. A neurose de caráter é vista no campo fisiológico. A partir de 1939 Trabalha com unidade funcional. Orgonoterapia:Compreende todas as técnicas médicas e pedagógicas que usam a energia biológica - Orgone. Trabalha o aparelho psíquico e o aparelho físico. Concepção da homogeneidade do organismo.
O ser humano enquanto um ser de energia pulsante e metabolismo ativo vive um constante processo de interação com o meio e consigo mesmo. É neste processo de construção do sujeito e das experiências desde a infância que vão se ancorando no corpo as vivências, os traumas e as dores, vão se encouraçando, segundo Reich. Ele vai estudar os bloqueios de natureza emocional e muscular, formando as couraças e as psicopatologias. Reich via a estase da libido expressa como uma estase da energia sexual, que resultava em uma capacidade reduzida para o contato profundo e a gratificação orgástica. A vegetoterapia usa toques e movimentos expressivos para restaurar impulsos reprimidos que estavam travados na couraça muscular, levando o cliente a recobrar a função da pulsação em seus tecidos e expressões, e isto emergia espontaneamente, à medida que a couraça muscular se dissolvia.
A análise dos sintomas histéricos revelou a origem sexual desta excitação: “o resultado mais importante a que se chegou através da busca contínua pela análise é que qualquer que seja a causa e o sintoma tomados como ponto de partida, no final, caímos infalivelmente no campo da experiência sexual”. Freud comentou, em 1894, quando primeiro chegou a esta conclusão, que era fácil perceber porque idéias intoleráveis deveriam surgir precisamente em relação à vida sexual. (Boadella, 1985, p.18).
A teoria do orgasmo tem sua base em três questões fundamentais que Freud não deu conta de solucionar com a teoria da libido, e acabou deixando de lado em favor da psicologia do ego. Reich vai pesquisar a fundo essas três questões para criar sua teoria do orgasmo. A primeira questão é sobre a tensão sexual e a experiência do prazer. A segunda questão passa, entre outras questões, por uma angústia e uma franca ausência de prazer, ou seja, passa pelo que Reich chamou de importância terapêutica da libido genital. E a terceira está na teoria econômico-sexual da angústia.
Reich definiu potência orgástica como “capacidade para entregar-se ao fluxo da energia biológica sem inibição, a capacidade para a descarga completa de toda a excitação sexual reprimida através de contrações involuntárias do corpo” (Boadella, 1985, p.22).
A Biossíntese criada por David Boadella nos anos setenta teve como base a terapia reichiana. Teve forte influência da embriologia e dos estudos da vida intra-uterina. Os estudos de Keleman, da anatomia emocional, também foram fundamentais para a base teórica da biossintese. Boadella introduziu a abordagem dinâmica de Frank Lake em Londres e começou a ver que a sua abordagem terapêutica – biossintese – envolvia a reunião de três diferentes tradições desenvolvidas a partir de Freud, a saber, uma traçada por Reich, Lowen e Gerda Boyesen, que enfocava o fluxo da energia libidinal; a outra que se originava em Otto Rank, seguindo até Francis Mott, que enfocava a experiência pré-natal; e uma terceira, que passava por Melanie Klein, Os terapeutas que trabalhavam com relação objetal, e Frank Lake que enfocava a relação mãe-filho. A junção de todos estes aparatos teóricos formou a biossintese como a Integração da Vida. A partir de Reich, várias correntes terapêuticas originaram-se como a biodinâmica, a bioenergética, a biossintese, a biossistêmica, entre outras. A biossintese herdou de Reich a visão na qual a pessoa pode ser compreendida a partir de três níveis de profundidade existencial. Na superfície vemos a máscara: uma armadura de proteção do caráter formada como uma defesa às ameaças à integridade do indivíduo na infância, ou até mesmo antes. As defesas do caráter apresentam um falso self, que oculta o verdadeiro self, que foi ameaçado na infância. Quando estas defesas começam a afrouxar-se, uma segunda camada de sentimentos dolorosos, incluindo a raiva, a ansiedade e o desespero, aparecem. Sob esta camada existe outra, a primária, formada por sentimentos centrais, nucleares de bem-estar, amor e auto-confiança. As defesas do caráter permitem às pessoas serem classificadas de acordo com seus padrões de defesa. A singularidade de uma pessoa está fundamentada em seu físico e corporificada em seus tecidos. A biossintese não vê a pessoa reduzida somente ao seu corpo físico, vê também o corpo energético, ou seja, o bioplasma, pois a biossintese reconhece a existência somática e trans-somática. O objetivo na terapia é reintegrar a pessoa a um estado de pulsação saudável, na qual as atividades vitais básicas são rítmicas, prazerosas e funcionam em direção a um contato mais intenso consigo próprio e com os outros.
Quando um cliente chega para iniciar seu processo terapêutico, ele vem com uma história, com várias vivências e lembranças, com toda a bagagem que lhe constitui enquanto sujeito, um sujeito social, familiar, profissional, psíquico. A Biossíntese é uma linha psicoterapêutica que trabalha o sujeito, este sujeito desejante-pulsional desde a vida intra-uterina, resgatando e ressignificando seus traumas e dores emocionais e trabalhando as mais diversas dimensões do Ser durante o processo terapêutico. O grounding como enraizamento é uma questão central na bioenergética e nas psicoterapias corporais, incluindo a biossíntese, e uma das ferramentas fundamentais no setting terapêutico. Neste processo se faz presente o trabalho com o grounding, o centring, o facing, o souding até a bioespiritualidade.
Reich já postulava que o corpo era a expressão do ser, e ele já afirmava a importância do corpo na história do sujeito, daí ele ter desenvolvido todo um trabalho teórico da análise do caráter a partir das couraças. Para Reich a neurose não é só a expressão de um distúrbio psíquico, mas, em um sentido mais profundo, um distúrbio crônico do equilíbrio vegetativo e da motilidade natural que limita o ser pleno.
É fundamental o terapeuta entender a história do sujeito e acima de tudo estar presente, pois só estando presente e atento pode criar ressonância entre terapeuta-cliente. Desenvolver a escuta, e aprender a ver o que o cliente mostra através do corpo, é um trabalho de ver, ouvir e sentir que têm que estar integrados. Na Biossíntese a reintegração terapêutica trabalha com o desbloqueio da respiração e dos centros da emoção (centring), com a retonificação dos músculos e a integração postural (grounding) e com a vinculação (sounding). O grounding estrutura a pessoa a funcionar na vida. Algumas experiências associadas ao grounding como entrar em contato com a tristeza, entrar em contato com as sensações pélvicas profundas, o que é ameaçador para algumas pessoas, ficar de pé sobre seus pés, que aponta para a capacidade de ficar só, o que muitas pessoas relutam em aceitar essa realidade, tudo isso é trabalhado no setting. Existem inúmeras dificuldades na falta de grounding, como a dificuldade no olhar para o outro, altera a capacidade de se relacionar, dificulta o contato com as dores internas e muitas outras dificuldades. O grounding na terapia visa estabelecer o contato com o chão. Analisa como a pessoa aprendeu a se comunicar e a possibilidade de novas formas de comunicação, ajuda a sentir seus próprios impulsos internos na vivência social, como ela se construiu no passado, e que nova forma de firmar-se pode ser possível.
Biossíntese significa INTEGRAÇÃO. Integração de sentimento, pensamento e ação. O grounding interior é o contato com a ESSÊNCIA, com a profundidade de nosso Ser, com a firmeza interior de onde brota a energia criativa, é na essência que está nossa energia de cura.
A elaboração teórica deste trabalho possibilitou um aprofundamento nos meus estudos sobre Reich e sua teoria, enriquecendo meus estudos da biossintese. Foi possível fazer uma articulação da importância da teoria reichiana e da formação da biossintese, enquanto uma das escolas da psicologia corporal que vieram a partir da teoria reichiana, e fazer esta articulação me permitiu uma visão mais ampla da história das linhas corporais.
É fundamental para um terapeuta, uma sólida formação teórica aliada a uma intuição e experiência no setting, que vai adquirindo-se a cada dia no consultório. A formação em biossintese juntamente com os estudos e aprofundamentos teóricos, é o caminho que estou percorrendo e construindo para ser uma psicoterapeuta competente e comprometida com a clínica e com os clientes, podendo contribuir para o resgate ético, social, psíquico e espiritual daqueles que passarão pelo meu caminho profissional na clínica.



  "A vida brota a partir de milhares de fontes vibrantes, entrega-se à todos que a agarram, recusa-se a ser expressa em frases tediosas, aceita apenas ações transparentes, palavras verdadeiras e o prazer do amor (...)"



Wilhelm Reich (1939), em "Beyond Psychology", Ed. Farrar, Straus and Giroux, 1994





Referências Bibliográficas


Anotações de sala de aula. Curso de Biossíntese (5ª turma) – formação internacional de psicoterapeutas. Instituto Brasileiro de Biossíntese do RN. Natal, RN.



BOADELLA, D. (1992). Correntes da Vida – uma introdução à Biossíntese. Tradução de Cláudia Soares Cruz. São Paulo: Summus.


BOADELLA, D. Nos Caminhos de Reich. Tradução: Elisane Reis Barbosa Rebelo, Maria Silvia Mourão Neto, Ibanez de Carvalho Filho. – São Paulo: Summus, 1985.


BERTHERAT, Tèrese. O corpo tem suas razões. São Paulo: Martins Fontes, 1977.


KELEMAN, S. (1992). Anatomia Emocional. Tradução de Myrthes Suplicy Vieira. São Paulo: Summus.


LOWEN, A. (1982). Bioenergética. Tradução de Maria Silvia Mourão Neto. - São Paulo: Summus, 1982.


REICH, WILHELM. Análise do Caráter. Tradução de Ricardo Amaral do Rego. – 3ª Ed. – São Paulo: Martins fonte, 1998.


REICH, WILHELM. A Função do Orgasmo.17ª Ed, 1992. Ed. Brasiliense.


WEIGAND, O. (2006). Grounding e Autonomia: a terapia corporal bioenergética revisitada. São Paulo: Person.